Manifesto: Direito das Mulheres na saúde #h16

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4 min readMar 9, 2021

Por Ellen Sayuri

Arte: Andrezza Marques/Revista Helenas

Nós, mulheres, queremos ter o direito de decidir o que iremos fazer com o nosso corpo e mente. Queremos que as nossas decisões e escolhas sejam cumpridas, isso não apenas no âmbito da saúde, mas em tudo. Exigimos ser respeitadas e ouvidas, além de podermos nos sentir confortáveis e acolhidas em situações de vulnerabilidade.

A saúde da mulher foi pauta da segunda onda do feminismo brasileiro, em meados da década de 1970. A luta pela saúde, os direitos reprodutivos e a descriminalização do aborto eram os principais pontos defendidos e, apesar de se passarem muitos anos, são direitos que ainda estão sendo reinvidicados atualmente.

Apesar de não ser o ideal, a luta das mulheres teve grandes avanços na legislação. Algumas leis que nos protegem, são: Lei n° 11.664, de 29 de Abril de 2008 — Dispõe sobre a efetivação de ações de saúde que assegurem a prevenção, a detecção, o tratamento e o seguimento dos cânceres do colo uterino e de mama, no âmbito do Sistema Único de Saúde — SUS; e a Lei n° 11.340, de 7 de Agosto 2006 — Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.

Hoje existem vários métodos contraceptivos, mas nem todas as mulheres sabem que eles existem. Além da falta de informações sobre as alternativas, muitos médicos não explicam os efeitos no corpo causados pelos anticoncepcionais e não pedem exames antes de receitar esses remédios. É importante ela ser orientada para que possa escolher a melhor opção para o seu corpo.

Uma pesquisa, desenvolvida pela Fundação Perseu Abramo e pelo Sesc, apresentou dados de que aproximadamente 1 em 4 mulheres no Brasil sofreu com maus tratos, abusos e desrespeito durante o parto. Essa violência é chamada de violência obstétrica. Ainda não existe uma lei federal contra ela, apenas iniciativas estaduais e municipais como em Alagoas, Rio Branco e Curitiba. Essa situação é ignorada tanto por mulheres, pois acabam naturalizando essa experiência, quanto por profissionais que consideram serem casos isolados. Isso mostra a urgência que esse assunto deve ser debatido e quais medidas podem ser feitas para diminuir essa violação no corpo da mulher.

A pobreza menstrual é a falta de acesso a produtos de higiene para o período menstrual, sendo um problema que afeta muitas mulheres de baixa renda. Uma pesquisa realizada pela marca de absorvente Sempre Livre apontou que 19% das mulheres entre 18 e 25 anos não possuem acesso a absorventes. Apesar de tramitar vários projetos de leis que visam a distribuição gratuita deste item em locais públicos, nenhum foi aprovado e encontram resistência de alguns parlamentares. O tabu em torno da menstruação dificulta as discussões sobre esse tema e também possíveis soluções e alternativas para minimizar esse problema.

A saúde não envolve apenas o corpo, mas a mente também. A jornada múltipla, o estresse pós-traumático causado na maioria das vezes por violência sexual, os padrões de beleza impostos pela sociedade que podem causar disturbios alimentares, são alguns dos fatores que afetam mulheres mentalmente. Dessa maneira, a saúde mental das mulheres é um assunto que deve ser discutido em conjunto com os outros, sendo tão importante quanto algo físico. A prevenção e a informação são os principais aliados na luta por melhores condições na saúde da mulher.

Revisão linguística e técnica por Letícia Ramalho.

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