Arte: Revista Helenas

O riso virou lágrima

Helenas
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Published in
3 min readJan 10, 2024

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Por: Nathalia de Assis Silva

Ao fazer parte da revista Helenas, atualmente instituto Helenas, pensei em colaborar com a escrita de textos com abordagem feminista, e sabia que os assuntos difíceis de lidar estariam em pauta, pois ser mulher é estar cercada de violências, sejam elas das mais sutis até o feminicídio, crime de ódio pelo simples fato do indivíduo ser do gênero feminino.

E isso, sem citar os inúmeros recortes que acentuam as violências sofridas, tais como a questão social, racial, ser parte do público LGBTQIAPN+, ser de determinada faixa etária, conviver com uma deficiência, pertencer a determinada corrente religiosa, entre outras esferas que promovem ainda mais o temor do simples ir e vir.

Todos os dias, ao ler as notícias de mortes no Brasil causadas pelo feminicídio, vejo o quanto ainda temos que levantar as bandeiras feministas, pois os passos que avançamos enquanto sociedade são pequenos diante das atrocidades cometidas dentro de um país machista, patriarcal e marcado por crimes de ódio.

A revista Helenas poderia só escrever e noticiar fatos positivos, de valor cultural, artístico, espalhar a boa nova com protagonismo feminino, mas não, de novo há uma nota de repúdio mesclada com nota de profundo pesar, pois mais uma mulher foi morta, silenciada e novamente a nação brasileira falhou.

Perdemos a artista circense e cicloviajante Julieta Hernandéz (conhecida como palhaça Jujuba), natural da Venezuela, que vivia no Brasil desde 2015, mas foi encontrada morta no dia 05 de janeiro, no município de Presidente Figueiredo (AM), com requintes de crueldade, foi estuprada, teve ser corpo ateado por fogo, asfixiada e depois jogado numa cova rasa, esta sequência de perversidade me assombram desde o dia que soube da notícia e ter que digeri-la para colocar em palavras não é uma tarefa fácil, só resta o medo de andar só, o medo de não saber se verei minha mãe, se terei o contato nem que seja pelo telefone com minhas amigas, o medo de pensar que não será a última.

Crédito: Instagram de Julieta Hernandéz

Até onde nós, mulheres, podemos ir? Como atravessar tantos medos sem o direito à liberdade? Podemos escolher nosso destino? Nossas roupas? Nossos modos de ser e estar no mundo? Podemos decidir sobre nossos parceiros (as)? Podemos escolher ser ou não, mães? Podemos viver em paz?

As questões que permeiam minha mente e provavelmente a sua também, são muitas e hoje estou (estamos) em luto por Julieta e por um sonho que adormeceu eternamente com seu sorriso.

Sigo em busca de escrever textos não marcados pela dor, em busca de poder dar dicas para mulheres viajarem sozinhas, para mulheres promoverem sua arte, escreverem livros e suas histórias serem de um mundo melhor para realizarmos o que quisermos e onde bem entendermos.

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