A Bruxa e O Fauno

Diêgo Oliver
Revista Mormaço
Published in
Mar 4, 2022
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Asas negras pairaram
Se foram no escuro
Que nunca deixou meu peito
Flutuaram e pousaram na saudade
Asas negras
Era como te chamavam
Também era como vestia-se
Na noite do nosso beijo
Num encontro profundo
De sangue e prazer
Na carne que devoravas incisiva
E o coração foi a parte favorita.
Com o meu peito vazio
Sem pulsação
Caí na ilusão de teu retorno
Mas tu voou sombria
Após o assalto
Para bem longe
Fora para uma cidade longínqua
Que chamavam de Nuncamais
E senti tudo; tudo que era verdade
Como carne crua
Que apodrece e perece frente ao tempo
Como tu vestia-se de asas negras
Vesti-me de saudade das raízes
E aceitei a tua vacância
Cultivando um novo coração
No meu peito terroso
De Fauno.

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