A premissa do amor é a correspondência
quando o vislumbre do meu dia
é o seu corpo nu e amplo
sobre as marcas de insônia do nosso lençol
enquanto as horas se arrastam nos ponteiros
cientes que o amanhã sempre chega
e você desliza sua mão na minha coxa
e ri dizendo que a nossa pele é tom sobre tom
como ficam as nossas frutas favoritas quando amadurecem
e que elas se harmonizam feito o melhor r&b que já te apresentaram
[e fui eu que te apresentei]
e nas pausas estratégicas da sua fala me chama de preta
sem o pronome possessivo porque sabes que sou minha
e que, por isso, eu passeio nessa vida com você
eu fico boba com o charme do seu olho, piscando devagar
e aí você balbucia duas palavras e meia
[“eu amo vo”…]
enquanto sufoca as minhas palavras com um beijo.
antes que eu responda que também te amo
você para, se antecipa, e me diz com enorme certeza:
“eu sei que você me ama”
e mesmo certa da verdade por trás das suas palavras, eu te pergunto: “como?”
e você me diz mais uma vez:
“porque todas as vezes em que nós nos encontramos,
mesmo numa multidão,
e os seus olhos pousam nos meus,
você sorri.
E no fundo dos seus olhos
eu me vejo sorrindo também”.