Areias do Tempo

yolanda
Revista Mormaço
Published in
Jun 29, 2021

Poema dedicado às almas que um dia se perderam.

Akseli Gallen-Kallela — The Lovers (1906–1917)

teus braços me abrigaram
numa madrugada
de chuva fina e inesperada

antes do combinado
assobiei teu nome

uma hora antes
uma hora depois,
não sei

atravessei o centro de tudo

pelo fuso confuso
de estar tão longe de casa
minhas mãos agarraram
areias do tempo

arrisco em poucos versos
risco em meia prosa
algo como lembranças movediças insípidas
que nos dissolvem

teus braços sobre
minha pele molhada
ainda escorrem

invadem meus poros
quando os segundos distantes
ligeiramente correm

e embora de ti sempre
me despeça,
temo que deste abraço
eu nunca retorne.

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