breve delírio aos pedaços

nathalia bezerra
Revista Mormaço
Published in
1 min readFeb 1, 2023
ana martins marques diz que o poema não é nada mais do que uma pedra que grita. acreditei nisso. a colagem digital é de julien pacaud

antes do sonho, a palavra
vestida das promessas
ainda não esquecidas
teus olhos nuvens

a névoa a pele gasta
inventaremos um delírio
tão nosso e tão pequeno
quanto um segredo

me contaram
o mistério dos olhos fechados
viver no sonho o desejo
nada disso é mais meu

mesmo sangue mesmo osso
tinha outro nome
mas o rosto, ainda era

deixar cair terra por
terra a fantasia
até que fique só você
(não me espere acordar)

até aqui, uma linha
muito azul e muito fina
entre meu rosto e o teu
te diria volte logo pra casa
se essa já não fosse tua

outra linha imaginária
pequenos vasos dilatados
veja esse instante agora
a memória o gosto da pele

quase tudo acontece
em quatro letras
o que não acontece
só precisa de uma

delicadamente monto
imagens quebradas
antes de dormir
(é bruta a cena)

naquele sonho eu corria
não volte mais neste lugar
aqui, eu fico

ainda éramos pequenos
o corpo denso a vida curta
se nada disso for real
não pode te machucar
mas vai

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nathalia bezerra
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