cidades
uma vez eu li
que pessoas são cidades
talvez pelo trânsito ou pelos ruídos
e eu concordo.
não há nada que nos defina mais do que
um emaranhado de “encanto e caos”.
hoje eu estive pensando
no que faz duas cidades se encontrarem
num Tempo e num espaço próprio
e eu não descobri ainda,
mas deve existir alguma regra do Universo
que nos organize
e nos leve a desejar conhecer todos os cantos de alguém.
me dei conta que você é a minha cidade
mesmo eu tendo demorando para perceber.
você é o emaranhado de caos onde eu quero residir,
o súbito encontro noturno,
o passeio de barco nas águas desconhecidas,
o mistério barroso da beira,
as mãos-criança tentando diluir o que sobra.
você é um poema acertado,
um conflito previsto,
encanto dobrado,
o que luedji canta “proveito”.
e eu aceito o seu trânsito
paciente, respeito a sua decisão.
[ir também é escolha]
pessoas são cidades porque também ruinam
e ruir é cantar a língua dos lamentos.
pessoas são cidades porque também inundam
e inundar é preencher cada canto com o que se pode oferecer naquele momento.
eu te ofereço tudo o que tenho
mãos lotadas com mapas rabiscados,
linhas tortas,
caminhos que já percorri
e se numa curva dessas houver você
a cidade que sou, imensa,
ainda será porto seguro inteiro
só pra te receber.