COLINA

Gabriel Galego
Revista Mormaço
Published in
Aug 26, 2022

acalmo meus sentidos
visualizando o horizonte de uma colina.
o vento corta meu rosto
gela minha pele
ensinando a destreza do olhar atento.
a saudade que sinto da queda d’água
e de um mergulho na escuridão
das profundezas de tuas cachoeiras…
sento na pedra
sinto o limo nos dedos e o rasante gavião
assovia em meu ouvido.
um suspiro.
um grito no eco.
o ouvido atento ao rio que corre.
meu coração jorra na fluidez do céu infinito.
dançam as lamúrias
e acendo uma fogueira para transmutar
meus medos, tão mesquinhos.
choro no pé do jatobá
e o cheiro de aroeira cura minhas feridas abertas.
a terra atravessa meus dedos.
enfio a mão no barro.
sou outro, finalmente
e o grito extinto na imensidão da colina
agora se torna extensão do mundo.

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Gabriel Galego
Revista Mormaço

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