Duas amandas e um caroço
Não precisei dos colchões, senti o incômodo da ervilha no chão batido da casa de Amanda. Ai, não sei por que fui, vou sem querer, mas volto sorrindo. Amanda sabe jogar direito, mas deveria só jogar e ficar de boca calada. Aliás, todas elas. Amanda, você é mais falsa do que a peruca de tia Carla, eu sei o que você fala quando não estou por perto.
— Eu acho que estou namorando.
— Que legal.
— Você já namorou?
— Não.
Claro que nunca namorei, Amanda. Aos 13, o que você espera? Casar e ter três filhos? Não vejo sentido no namoro. Não vejo sentindo também em sua conversa, fala, fala, fala, e não diz nada. O que é namoro? Junior se mexe tanto quando está parado no palco porque ele é tímido ou porque ele é burro?
— Você não quer namorar? Vinicius falou que queria namorar com você.
— Não.
Vinicius dos olhos azuis e cabelo liso? Ai, Amanda, eu sei o que você está fazendo. Não, não quero namorar e não quero ser sua amiga. Você e Paula são as piores, ardilosas, tem mais face do que um poliedro.
— Você deveria brincar de ABC um dia com a gente.
— Sim, legal.
Atriz, duas caras, fofoqueira, dissimulada. Vou ficar por perto.
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