ensaio para um naufrágio
enquanto marejados teus lábios
procuro teus braços miúdos
não se apavore
animais invertebrados sustentam
o mistério de existir sem os ossos
no meu sonho você me entregava
um pássaro nas mãos
éramos pra ter deixado
a liberdade nos ferir
cicatrizada, ninguém nos
arranca da nossa pele
pequenos naufrágios terrestres
acontecem o tempo todo
não há ensaio para fragilidade
devia ter te avisado
antes de entrar em cena
feito este poema
não quero nada
além da ferida
poema da minha primeira publicação impressa, a plaquete mais gente que bicho (ed. primata, 2023)
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