Espelho, espelho meu…
Nossos ídolos não são mais os mesmos e as aparências enganam, sim!
Certo, Belchior, fui ácida além do necessário. Mas foi decretado que é proibido envelhecer e isso me assusta mais do que a velhice em si.
Divago.
A humanidade sempre lutou contra o tempo, nunca tanto contra suas marcas. Quanto mais a tecnologia avança, mais a fonte da juventude jorra!
É um tal de disfarça, puxa, modela, aperta, esconde. Bota mais um pó, mais uma risca, mais uma cor, uma tinta, mais uma… cara? Outra cara. Pronto. Bota outra, substitui, harmoniza.
Harmoniza com o quê, com quem?
É proibido envelhecer: eis a ordem do dia. Da era. Não ouse parecer com quem você seria se tivesse a sua idade.
Qual o modelo de hoje?
Mulheres são mais cobradas por um espelho bonito: “não tenha rugas! Se tiver, elimine-as. Se as eliminar, não deixe que percebam que eliminou!”
Quem pode com tudo isso? — Ficamos mais belas e mais fodidas da cabeça.
Mas não pode mudar? Ora, é claro que pode! Tudo é permitido se não está fazendo mal a ninguém. Mude de roupa, de cabelo, de jeito, de opinião, de face… mude seu rosto se te faz feliz.
Faz? Então está resolvido. Se faz, faz.
Decidi que a partir de hoje, quando uma amiga fizer aniversário, em vez das felicitações de costume — parabéns, muitas realizações, saúde, tenha alegria e dinheiro no bolso (tão batidas, não acha?) — vou desejar algo mais profundo e importante para a nossa sanidade coletiva:
Amiga, que o espelho te diga sim.
Um beijo.
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