Espumas
A espuma borbulhava em direção a superfície da água. Subia em um rompante de erupção e vivia na borda. Era o contrário de morrer. Ao invés de descer quebrando a densidade, utilizava toda a leveza para ir até o céu de nuvens espumantes. O copo de champanhe levitava de mãos dadas com a magia da atmosfera da taça.
Mas não era o suficiente.
A maré estava distante. Para onde iriam as ondas na miragem do encontro do beberico da lua na água do mar? Será que o céu arrotaria as espumas e desaguaria em areia?
E se eu arrotasse todas as espumas marítimas da minha taça, será que meu estômago viraria continente? Logo eu? Tão oceano?
Atracaria. Terra à vista.
Naveguei em mais um gole. Contemplava o horizonte enquanto o vento fazia meu rosto congelar. Os dois estavam gelados, o vento e o espumante, menos a água do mar. Era noite.
Meia noite e um.
Uma gole, acabei de arrotar. No mar, a areia absorvia as bolhas e hoje já era um novo ano. Já. Era. A Terra acabou de borbulhar.
Espumar.