Eu Amarula, você Absinto
se sou licor
servido quente
que tempera a língua com um sabor condensado
você é mistério absoluto
escondido no palato recém molhado
com gélido líquido
que quando suspendo a língua, eu sinto.
se me faço bebida
que se apressa à comida
e preenche todo canto
com a inigualável certeza do depois
você se pinta estranho
como efeito alucinógeno
que inebria as vistas.
se sou Cidade do Cabo
tingida em marrom-especial
textura aveludada
espessura marcante,
você é destilada, norte-Paris
envelhecida
quente
pouco doce.
se sou o cremoso que escorre na goela
você já é o gosto fino e acentuado passando na língua;
você é meu amplo desejo de mais
sem nenhuma dor de cabeça depois
sem nenhuma queixa de ressaca no outro dia
é o trago que desamarga a boca
é o soluço entre uma dose e outra
é a imensidão entre a primeira e a última.
você é um princípio etílico
o abismo que me entrego
meu enleio
meu engodo
a densidão que
quando embebeda a minha boca
me preenche em água.
o modo-distinto:
Eu Amarula, você Absinto