gesto de despedida
“o começo será o prelúdio do fim, como em todas as coisas.” — clarice lispector
uma mão deslizante
ensaboada com partidas
não segura verbos como
assentar e permanecer
depois do cumprimento o punho
já insinua a partida
demora-se mais em rotas de fuga
do que em mercados e padarias
uma mão de deslizamentos
mensageira de mágoas a corações
fincados na terra
sabe que o mesmo corpo que dá teto
pode tirar o chão
com infiltração risco de incêndio
um disjuntor que desarma
com qualquer banho quente
uma mão em deslize
carrega vícios ocultos
e depois da sétima casa em sete anos
pode-se dizer uma especialista
em trocar fechaduras
tatear novos mapas
provocar furacões com a carne
que desvia de um lado pro outro
em despedida no ar
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