Não era amor, era sintoma (em quatro atos)
I
“você é alta, né?”
Demorei
um chamego e meio
e entendi.
Não era sobre meu tom de voz.
Era outro tom.
Mais vezes.
Prestei atenção e
controlei.
Como se meu jeito de gozar
fosse te impedir de ir embora.
II
Quem veio primeiro?
O meu desespero
ou a sua imprevisibilidade?
Em janeiro
acordou um dia,
arrumou a mala
e foi.
Coube tudo sem nem amassar,
só não coube a mim.
Agora eu sei como é
te ter sempre por longe.
O tempo a gente teve e
fez o que quis com ele.
III
Preciso arranjar tempo
para parar de pensar
em você.
Preciso arrancar do peito
para parar de pesar
em mim.
Preciso rasgar a boca
para parar de falar
do que não é mais.
Preciso descortinar o amor
para parar de confundir
os sintomas.
IV
Bebi na sua intenção
e nada.
Esperei,
a vontade de você não vinha.
Estranhei,
não tinha mais nó.
Aliviei.