Nota Chuvosa

“Morning on the Seine in the rain”, 1897, Claude Monet

Mais belo que um dia cinzento
É um dia que não deveria ser cinzento:

Quando o eremita encapuzado
Traz seu longo manto de gris e sombra
A tingir o anil, o seio do Verão.

E então é como se uma mão profunda, metafísica,
Sacudisse a longínqua haste do Tempo
Balançando a poeira de seu mistério.

Revela-se, de repente, seu âmago translúcido,
Seu âmago surpreendente e inesperado,
Devolvendo à vida
Aquilo que a cinza do roteiro lhe frustra:

Um não-sei-o-quê de sonhar acordado.

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