técnica
I — língua
Deixar o indivíduo faminto
tremer seus dentes em voracidade
embeber em líquido
forte
qualquer tecido
Longo
e oferecer-lhe para que engula
deglutição de início
começa a digestão
mantenha na mão a extremidade do tecido
ainda
para fora da boca
finja-se de sistema digestivo
II — dedos
uma manicure com acessórios de madeira
proibidos pela vigilância sanitária
entra pela porta munida
de
espetos
a manicure às avessas
não corta as unhas por onde aumentam
recorta por onde crescem, por onde
a carne tem notícias do formato das canetas
a manicure introduzirá o acessório
como nas comédias físicas
(por onde não se deseja)
a manicure se perderá na ordem das ações
amolecerá as cutículas apenas agora
que afastou os bifes
mergulhando os dedos do cliente em água
que logo se filiará à madeira (os espetos)
III — correspondência
os trinta mil corpos encomendados chegaram
via correio expresso
para otimizar sua contemplação
iremos abrir mecanicamente suas narinas
enquanto sua assinatura confere recebimento
constante
IV — projeções em sua parede
01
A técnica gastronômica
de retirar pele e sementes
de um tomate
seu primogênito descascado
veja enquanto retiram as sementes
02
o crânio é um poço fundo
na região dos olhos
03
uma boca escancarada
como as portas do armário:
as gavetas abertas
todas as partes bem armazenadas
04
poucos vestígios
garotos não se demoram
ZEROCINCO
Que você se corroa
Vendo seu pior castigo ser
Sua única filha a primeira mulher
A viver e morrer sem dor
V
Todo o seu horror
Seu castigo final:
Amores amanhecendo os líquidos que adormecem as chamas
VI — post script
Libertas as almas exatamente:
#include <iostream>
#include <iomanip>
using namespace std;
long long main() {
long long X, dia, q;
X = q*dia;
cout << X <<;
}
X quantidade por dia
(por todos os dias)
retornarão ao algoz
(você)
para lhe aplicar a tua medicina