"A MODA QUE MUDOU DE GOSTO?"

Coletivongunzo
RevistaNgunzo
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2 min readJun 19, 2023

POR PAI RYAN ALEF

“Sempre tive o mesmo rosto, a moda que mudou gosto. E agora que eu quero entender, seu afeto repentino” e com essa frase da música “auto estima” de Baco Exu do Blues eu início esse texto.

Ser preto na mídia está em alta. É hipado! É legal!Está na moda! Mas que preço hein? A mídia nos enxerga como as celebridades do momento, o que eles não dizem é que é um momento extremamente passageiro onde estão apenas nos tolerando pra não serem massacrados pela grande massa (nós).

Eles não estão querendo nos dar afeto, querendo apoiar a nossa causa e tão pouco nos defender. Eles estão evitando, nas mídias (e apenas nas mídias), de despejar todo o seu racismo. Os brancos sabem e se ameaçam com a força que nós temos, sendo assim eles agora escolheram uma forma de maquiar o racismo deles e evitar de serem confrontados. Como? Vejam o BBB, programa que chama atenção do Brasil inteiro, colocaram vários pretos, e por fim quem ganhou? Karol com K teve que sair do mesmo programa com todo um acompanhamento psicológico por estar sendo massacrada na época por toda uma população enquanto outros brancos tiveram atitudes iguais ou semelhantes e saíram elogiados. Manoel Soares sofre racismo todos os dias de manhã em rede nacional e todo dia isso é silenciado,

Hoje em dia, artistas brancos adotam crianças negras, querem ser da nossa cor, querem se casar com a gente da nossa raça. Sabe qual o intuito de tudo isso? Roubar o que é nosso, se apropriar da nossa cultura, da nossa ciência, da nossa sabedoria, da nossa fé de forma passivo-agressiva. E cabe a nós, pretos, saber nos posicionar diante de tudo isso.

A grande mídia faz um grande desserviço pra população expondo em filmes e novelas situações que claramente não aconteceriam com a gente. Exemplos como esse são fatos que acontecem na novela vai na fé. Estão expondo um casal gay de pretos deixando tudo romantizado da melhor forma possível quando na realidade, nada do que aconteceria. A exposições de cabelos pretos, vivência de umbandistas e candomblecistas, faz com que coisas atraentes se tornem banais. Hoje em dia, todo adolescente quer ser religião de matriz africana, mas não é pelo verdadeiro sentido de fé, é pra parecer com o que eles querem. Se usam guia, não é fé, é por que é bonito… representatividade sem embasamento de conhecimento e vivências reais acaba por não representar nada.

Não precisamos das esmolas deles! Tão pouco da cultura deles, aliás, por muito tempo tivemos que engolir a eles sem poder questionar e não sermos mortos.

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