A Umbanda e o Branco

Coletivongunzo
RevistaNgunzo
Published in
2 min readMay 30, 2023

Por Conceição Soares

“A Umbanda é para todos, mas nem todos são para a Umbanda”. Desde que iniciei na Umbanda escuto essa frase tanto de Guias espirituais, como de pais e mães de Santo. A Umbanda é, antes de tudo, amor, caridade, doação e cura. Ela está lá para quem quer e precisa ser curado, mas é necessário também algo muito importante — a responsabilidade. Nisso, muitos acabam falhando.

Muitas discussões têm acontecido atualmente acerca da presença de pessoas brancas em espaços como os dos terreiros, da capoeira etc. Quando as pessoas brancas acessam esses locais, o que muitas vezes acontece é que são extremamente violentas, em suas palavras ou ações, e em muitos casos são apenas oportunistas. Não estou generalizando, obviamente temos exceções, mas na maioria das vezes o que vemos são essas pessoas agindo de forma colonizadora dentro de espaços criados por e para pessoas pretas. Mas no meio disso tudo é importante também que nós, pessoas pretas, façamos a seguinte pergunta: Quais espaços estou ocupando?

Como posso questionar a presença de pessoas brancas nesses espaços se não ocupo, se não conheço e nem vivo aquela realidade? É de fundamental importância questionar a presença dessas pessoas em nossos espaços, principalmente quando acontecem de forma violenta. Mas precisamos também estar nesses lugares, porque enquanto estamos apanhando da vida, perdidos em religiões que oprimem a todo instante o nosso existir, tem muitos brancos aprendendo com nossos ancestrais. Então, vamos ficar só parados ou vamos lá viver a nossa ancestralidade?

Finalizo da mesma forma que iniciei: “A umbanda é para todos, mas nem todo mundo é para a Umbanda”.

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