É sobre a Casa Nova

Mayara Assunção
revistaokoto
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3 min readAug 9, 2022

Nesta semana inauguramos os novos espaços do Òkótò

Faltam alguns dias para a inauguração dos espaços do Kilumbu Òkótò no Rio de Janeiro e logo depois aqui em São Paulo. E já fazem alguns anos que os meses de junho, julho e agosto passam voando nessa preparação.

É um tal de vai na 25 de março, faz orçamento de armarinhos. Vai no Brás, faz orçamento de tecidos. Corre na Bresser, passa no centro, vai na avenida, liga na loja, sai mais cedo, volta mais tarde…Cadê a cabaça? Falta cabaça. Mas por que todo mundo resolveu vender tão caro cabaça?

Falta ainda arrumar a mala. Tem os instrumentos, a roupa, acessórios, falta coisa: minha, das crianças, do espaço. Será que vai dar praia, mas e o tênis? Falta o tênis! Roupa pra roda de sexta, roupa para o sábado. E a bata do Taiwo?

Entre tecidos, bandeiras e outras demandas, esse ano o Maracatu vai para a rua com saias, estandarte e novos agbês. E é nesse processo que eu estou mergulhada. Saias prontas, testadas e arrematadas. Estandarte ainda para terminar. Agbês sendo feitos. Falta pouco. Falta muito.

E dia desses o Bruno Ângelo me pergunta: “mas vai dar tempo?”

E a resposta é a pergunta que mais vale dentro do Òkótò: “tem como não dar tempo?”

Se depende de nós, se é feito por nós: Todo tempo é tempo.

Já são mais de 21h do domingo: “ Kiluanji Raoni vai embora senão você vai chegar tarde demais na sua casa”. E tarde também vai chegar quem passou o dia no espaço em São Paulo organizando tudo sob os cuidados do Apókan Òkòtó Ọmọwale . E quem está no Rio também. E a Thabata Bernardes que foi, voltou. Arrumou lá e arruma aqui?!

Eu poderia citar tanta gente. São tantas pessoas fazendo corres e se dedicando. Essa construção é a muitas mãos. Cada um colocando um pouquinho de si ali e levando um pouquinho do outro, do todo, de todos. E, não tem ninguém que eu tenha falado nesse processo que está insatisfeito. Tá todo mundo correndo e se empenhando pro resultado vir bonito, alinhado, charmoso e brabo!

Sempre que entrarem nos espaços que vamos inaugurar, terão as mãos de quem lixou, pintou, varreu, lavou… O Axé de quem acreditou, acredita e vem construindo. Assim como, sempre que ver o “Estrela Preta” passar, terão minhas mãos ali nas saias, no estandarte, nos Agbês.

São as mãos, os corpos, a voz, a intenção e as ideias de toda uma galera que tá se movimentando há meses por um mesmo objetivo.

São pessoas unidas e construindo.

É sobre a casa nova.

O casarão.

A contribuição.

A construção.

O propósito!

Quem nunca viu, anota aí na agenda e venha ver:

Kilûmbu Marcus Garvey — Rio de Janeiro

Inauguração: aniversário do Kilûmbu Òkòtó, nos dias 12, 13 e 14 de Agosto.

Kilûmbu Malcolm X — São Paulo

Inauguração: aniversário de Marcus Garvey, dia 17 de Agosto.

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Mayara Assunção
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Filha da Dona Rita. Mãe do Adriano e da Amora. De São Mateus. Algumas vezes eu danço, em outras toco e noutras escrevo!