É Sobre pessoas!

Ahangbé Ainá Ehioze Òkòtó
revistaokoto
Published in
2 min readJan 25, 2023
Misha Òkótó

Eu sempre ouço que o Òkòtó é sobre pessoas, mas vim entender de fato o que isso significa nesse Kwanzaa. No Kwanzaa passado (21–22), era a primeira vez que eu encontrava o bonde, tava bastante receosa e não consegui me soltar pra ser o que eu sou. Voltei pra casa pensando nisso, querendo muito que no ano seguinte fosse diferente, que eu conseguisse deixar uns fantasmas meus no passado e me mostrar mais pras pessoas ao meu redor no evento seguinte.

Vida seguiu, 2022 apresentou os seus desafios que me fez trabalhar minhas relações, até chegar numa encruzilhada que me levou pra mais perto da freguesia de BH. Esse passo foi essencial pra que eu me sentisse de fato parte de uma família, com os suportes, as conquistas, as broncas, os desentendimentos… Tudo isso que trabalha as relações e a coletividade.

Daí, teve um momento nesse kwanzaa(22–23), em que eu me peguei muito feliz rindo e trocando ideia numa rodinha.

E me veio um sentimento muito genuíno de estar em casa, com os meus.

O Òkòtó é sobre pessoas, pq o afeto que senti é como uma mola que me impulsiona a querer ser melhor pra minha galera. O Òkòtó é sobre pessoas pq mesmo a gente reconhecendo o cansaço físico, se a gente começa a cantar numa roda a energia retorna como um raio. O Òkòtó é sobre pessoas e o primeiro princípio que celebramos no Kwanzaa é UMOJA.

Sem esse sentimento de pertencimento de família, não se constrói uma comunidade.

É como se cada um tivesse uma espécie de cola que faz a gente se emaranhar um no outro e se reconhecer nesse emaranhado completo.

E tudo que eu aprendi lá fora, sobre não confiar, sobre não poder mostrar quem sou e minhas fragilidades/potencialidades, ganha uma nova configuração. De uma perspectiva preta e de comunidade que mesmo que eu tente muito, não dá pra explicar a grandeza e magia.

Sou muito grata pelas trocas com cada um de vocês, pelo afeto, pelo cuidado, pelas broncas (importantíssimas).

Pelos abraços e olhares.

O Kilumbu Òkòtó faz tudo!

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