Òkòtó e propósito

Kianga Hwanjile
revistaokoto
Published in
2 min readJan 4, 2021
Imagem retirada da internet.

Aproveitando o Kwanzaa, penso que não dá pra falar de Òkòtó sem falar de Nia. Não dá pra falar de Òkòtó sem falar de propósito. O propósito da evolução, da expansão, do aperfeiçoamento tanto para nosso desenvolvimento individual e sobretudo nosso desenvolvimento aplicado no coletivo.

Isso é algo que trago comigo desde que entrei no Òkòtó. Eu posso não saber fazer muita coisa mas com o que sei, posso fazer bem, visando a construção de algo maior e ir aprendendo, aperfeiçoando e me desenvolvendo também no que não souber.

Esses dias tava querendo colocar o Òkòtó no nome do facebook, relutei algumas vezes por me perguntar se seria capaz de carregar o nome da organização sem vacilar, responsabilidade né mores? Porém vi e entendi, que se definir é importante, Kujichagulia (autodeterminação) é importante, e eu me definindo como Òkòtó estou dizendo e mostrando parte do meu propósito e objetivo de vida que é ajudar na construção de uma comunidade longe de toda bobajada branka que estamos inseridos.

Tem um itan que conta — vou resumir aqui — que Exu foi se multiplicando em vários, à medida que Orunmila o atingia com uma espada, e no final do itan, Exu faz um acordo com Orunmila, que cada novo Exu que surgiu do primeiro, seria uma representação sua, que Orunmila poderia consultá-los quando necessário, e que também, cada ser, seria acompanhado por um Exu. Vejam que Exu é um só que foi se dividindo em outros.

Se cada pessoa é acompanhada por um Exu, entendo que no Òkòtó são vários Exuzinhos em movimento que juntos visam a emancipação do povo preto por meio da construção de nossos próprios espaços, sem a mão e lógica brankas operando em nós. Temos um propósito coletivo similar e comprometimento com a organização. Quanto mais batem, quanto mais querem minar a imagem do Kilumbu, mais o Òkòtó se multiplica, se expande, mais projetos são colocados em prática e fica cada vez pior pra quem não gosta e melhor pra quem gosta.

É como diz essa parte da música do nosso querido Ângelo:

“Quem não ajuda, não atrapalha.
Nós trabalha, eles falha.
Eu sou Kilûmbu Òkòtó,
Não confunda com senzala.
Africanos em diáspora,
E essa frase não é metáfora.
Exu é movimento, camará,
Essa mandinga vem de dentro,
Eu venho de lá.
Na contramão de quem não quer evoluir…”

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