A doença dos brancos que se acham pretos e dos pretos que querem ser brancos

Diego Alberto
revistaokoto
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2 min readMay 3, 2022

Tem uma parada sobre propaganda que é foda. As vezes ela é bem sútil, bem subliminar, bem na questão do hábito mesmo, de mostrar as pessoas da forma mais espontânea possível, até aquilo ser “normal”. Tipo, em filme, um cara usando um Rolex, ou uma mina puxando um Iphone do bolso pra ligar, e o enquadramento da cena sempre deixando isso em primeiro plano mas sem destacar escancaradamente.

Propaganda que também é sobre imagem, sobre identidade, e criar as tendências de comportamento. Os brancos tem promovido a dedo os pretos que ganham destaque, ou são beges, ou são palmiteiros, ou os dois, as vezes nem preto são direito, tipo a Megan Markle ou Anitta. Tentam promover personagens mestiços, indefinidos, de propósito, pra acharem que é qualquer coisa. Ou coisa nenhuma. Pra todo mundo poder se dizer preto, poder lançar essa braba.

Imagem: Mischellye Rocha

O pior tipo de propaganda é essa, a não-verbal. Os brancos se utilizam muito disso pra passar ideias e comportamentos que a galera passa a achar que é suave, mas que na real é política, tá ligado. Eles tão tentando fazer a parada virar moda, ter controle do processo, lucrar com isso, inclusive. Isso vale pro que as pessoas vão desejar consumir, mas também pra se situarem politicamente. Pra estabelecer que o objetivo delas é ser integracionista, e ter isso como identidade acima de tudo.

Mais uma vez a ideia furada de “vencer” o racismo pela miscigenação. Outro exemplo, é a promoção de casais inter-raciais nas séries e filmes, pra mostrar que a gente pode se dar bem, que somos todos iguais. É colocar que qualquer um pode ser branco, qualquer um pode ser preto. Vendem isso como produto. Até no nome, na identidade é assim, você é afro-brasileiro, afro-americano, afro-qualquer coisa, menos africano somente.

É daí que surge a doença dos brancos que se acham pretos e dos pretos que querem ser brancos. Por maluquice ou desonestidade, ou pra surfar na onda da representatividade.

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Diego Alberto
revistaokoto

Me expressando pra escrever melhor. Escrevendo pra me expressar direito