A escolha do "Ọmọro Umoja Afrika Òkòtó" como meu nome

OMOWALETTU
revistaokoto
Published in
2 min readJan 10, 2021

Engraçado como algumas palavras entram na nossa mente e tem uma ligação enorme, dá um gatilho, uma intuição positiva e tudo mais. É o que aconteceu comigo quando ouvi a palavra "Omoro" pela primeira vez, na segunda edição da série "Raízes" (na versão de 2016, a primeira que vi). Na série, o nome do pai do protagonista e a principal liderança de Jufuri, Tribo Mandinka: Omoro Kinte.

As palavras com esse "Ọmọ" sempre me trouxeram essa sensação, por grande parte da minha vida também fiquei com o apelido que Malcolm recebeu dos estudantes do Senegal, ỌmọWale, o "filho que volta", segundo a autobiografia. A palavra pode ter muitos significados a depender da escrita na língua Iorubá, (que foi a que escolhi traduzir por ter mais acesso e conhecidos que falam) "obra prima", "Criação", "criança" e todas fazem sentido casando com o restante do nome, e do propósito.

ROOTS (2016) — History Channel

Babs Olusanmokun (Omoro Kinte) e Nokuthula Ledwaba ( Binta Kinte)

UMOJA, a Unidade, mas não essa unidade Nutella e romântica do "ninguém solta a mão de ninguém", é uma unidade em construção, essa unidade na diversidade, das pessoas que sabem que o coletivo é o que importa, a coletividade impera, e não as nossas vontades. E que a partir desse consenso, tudo aquilo que fazemos de melhor, todas as nossas individualidades serão potencializadas e terão um propósito para além de nós mesmos. Unidade essa que não tem medo de ser tensionada por fora, nem de ruir por dentro, esse é o nosso principal recurso, qualquer objetivo ou agenda a partir disso é só acerto.

Afrika só não é tão óbvio porquê tem inspiração no batismo dos integrantes do BLA(Black liberation Army), grupo radical paramilitar Norte Americano que colocavam "Afrika" em seus novos nomes.

Òkòtó, a Expansão, Movimento, o primeiro Exú.

Das pessoas que eu escolhi praticar o conceito de família estendida, do propósito de legítimar e praticar o nacionalismo preto, do trabalho intelectual, corporal, espiritual, emocional que fazemos juntos. Do nosso não compromisso com moralidade cristã, da nossa reciprocidade uns com os outros. Do propósito maior que nós mesmos, pela coletividade primeiro. Pela tomada de nossa Cultura e tantas outras ambições e realizações que a Kilùmbu Òkòtó vem fazendo e tenho orgulho de fazer parte desse processo.

"Filho da Unidade da Afrika em Expansão"

"*Cria* da Unidade Africana em Movimento"

A escolha de um nome conectado com o meu propósito era o objetivo. Que ligasse e sempre me puxasse de volta, me trouxesse essa atenção o que real é importante. É sobre isso!

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