Arokin Akasia
revistaokoto
Published in
3 min readApr 11, 2023

--

A impulsividade de Odé é reflexo de impaciência, por ver muito longe, ego cresce e não respeita o presente. Ignora o processo, somente com olho no alvo, mas o que é do alvo se não fosse o rastro deixado, a história deixada?

Por Diego Alberto

A impulsividade de Odé é o que acaba trazendo a velocidade, algo bom, porém desmedida ela vira rebeldia, fica descontrolada , assim a manutenção da comunidade fica sujeita ao acaso.
A necessidade de silêncio de Odé para resolver uma questão é essencial para uma boa reflexão, mas o excesso de silêncio não traz a ação e o caboclo fica esperando visão dos céus, ao invés de ir procurar por ela. A comunidade fica sujeita a um caçador que não confia no próprio arco.

Orixás no dia a dia — Oxóssi é petrificado com seu ofá

A impulsividade de Odé também é o ímpeto que rompe com o silêncio, a rajada que corre até o objetivo, o passo que abre clareira!

O cuidado com os excessos é essencial para o equilíbrio, cuidar do pior que você tem para melhorar para a comunidade muitas vezes é o melhor que você pode fazer para equilibrar a situação, claro que aperfeiçoar o que é forte é necessário, mas é mais fácil. Da mesma forma como é mais fácil pro inimigo vir na sua fraqueza, se tiver descuidado como você se protege para proteger sua comunidade?

Existem muitos tipos de atrofiamento em nossos corpos, mentes e espíritos ao longo desses anos se intensificando com a falta de cuidado em família e comunidade. Existe uma Pretagogia bem simples aprendida quando comecei a aprender a dissecar o racismo que é “Ah, não tem? Então arruma!” Hahahahaha
Nosso jeito de perpetuar o ideal de Marcus Garvey onde pergunta onde está o governo do homem negro e incita que como não os achou “Eu ajudarei a criá-los!”

“Eu perguntei: Onde está o governo do homem negro? Onde está seu rei e seu reino? Onde está seu presidente, seu país e seu embaixador, seu exército, sua marinha, seus homens de grandes negócios?’ Não consegui encontrá-los e então declarei: Eu ajudarei a criar!”

E isso aplicado a recuperação do corpo, da mente e do espírito africano significa que se você tiver ossos fracos, terá de trabalhar em dobro, se tiver um lado mais forte que o outro, trabalhe pelo menos três vezes, procurar mais situações de luta, se expor a certos cenários para se acostumar àquelas emoções, frequentar mais espaços com os seus e nossas manifestações culturais, aquele sambinha, um maracatu de luxo — o Estrela Preta — , um baile charme, tudo quem tem mandinga.

O atrofiamento nos afeta de tal forma que há por aí quem acredite que África não nasce em si, que se limita a barreiras que os próprios yurugus criaram. Nossas referências nos dizem que África nasce em nós, é nosso axé, nossa capacidade de se conectar ao ter experiências e conviver com manifestações culturais através do corpo, da fala, do contato, dos rituais, do comportamento.

É claro que muito do que já foi vivido foi experienciado de uma forma e hoje pode ser colocado em um local diferente no tempo, mas faz parte da manutenção da tradição a renovação, pois é tecnologia, ou seja, estratégia para manutenção de vida criando novas soluções para novos problemas.

O foco é sempre um: avançar. Sankofa e a unidade africana nos ensina que para ir a frente é necessário olhar para trás, não para ser aquilo, não para odiar o passado, mas para melhorar, para transformar a energia.

#kilumbuokoto #DissecandooRacismo #MenosMarxmaisGarvey #ode #odé #raçaprimeiro #okoto #òkòtó

--

--