A necessidade de organização em uma comunidade

Murilo Vitor
revistaokoto
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2 min readApr 8, 2021
Por Iza Oliveira

Se esse texto fosse uma fala eu iria iniciar dando uma risada, confesso que essa risada seria um pouco mais por desespero rs.

A cada hora que passa na minha vida eu vejo que andar sozinho é uma parada bem anestésica e confortante, que te deixa muito vulnerável e exposto a alguma implicação que o Racismo oferece.

Imagina só se hoje eu não tivesse organizado (coletivamente), seria mais um corpo Preto indisponível pra fazer frente contra o Racismo, seria mais um que estaria do lado contrário.

Se eu não tivesse organizado (coletivamente) eu não iria entender que estamos em guerra e se tu não está com a gente, então está com quem? Por que não tem três lados na guerra irmã, não tô te vendo caminhando com a gente em busca da autonomia preta total, sem integrar, sem pauta ou demanda branca então tá com eles, canto pra ti um verso do Candeia, vai pro lado de laáaaaaaaa, vai pro lado laaaaaa.

Por muito tempo andei só, me indignando com todo o Racismo que estava exposto e achando que fazia o máximo sendo da esquerda, vegano, negrescando adoidado. Achando que só ostentar um Black e orgulho da minha cor já estava fazendo algo.

E aí digo que estar só é anestésico, você acha que sabendo lidar com o Racismo da melhor forma, você busca uma ascensão individual que não compete a uma pessoa preta.

E o motivo da risada é que se você precisar estar bem individualmente falando pra fazer corro no coletivo, tuas responsabilidades terão que ser feitas porque não se trata de você, as vezes será num prazo que você desejaria ter mais tempo, mas não se trata de você.

Se trata de fazer por nós, de estar disposto a se desenvolver, a ajudar, cuidar até inspirar.

Estar coletivamente organizado está me deixando individualmente organizado, ainda não está na forma ideal, não está perceptível e sempre temos que estar atentos quando pessoas que nos amam nos cobram por alguma falta de responsabilidade.

Eu faço coisas que nunca pensei que faria, que não me sentia capaz e o senso de comunidade que o bondel proporciona é a comprovação real que a ação é o que nos leva a autonomia, boas ações óbvio, ações que contemplem o coletivo, sem restrição. Seja pelo corpo, pela mente e principalmente pelo espírito de fazer acontecer as nossas paradas.

Organizar a minha individualidade é uma árdua tarefa que estou traçando, mas estou quase chegando…

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Murilo Vitor
revistaokoto

Pai do Pietro, da Sophia e da Kalyfa. Filho da dona Ângela e do Seu Marcelo. Morador do Eliza Maria.