Amina Ndatté Iwa Ubunye Òkòtó
Mais fala! Hahahaha
Antes não era assim, pra falar mesmo a verdade eu não falava era nada.
Eu não tinha nem noção da importância da fala, da importância da comunicação. Totalmente podada e sem o mínimo de confiança, eu simplesmente preferia me calar, concordar pra não ter que me expressar, concordar não ficar “pior”.
Aí vcs me perguntam, “com base em que todo esse recato, todo esse silêncio e até mesmo medo?” Com base na educação ou melhor dizendo, na deseducação que nos é imposta ao nosso povo de geração em geração, com base na negligência que cada corpo preto passa pelo menos uma vez na vida.
Isso aqui não é lamento não, gente! É só lembrança, tô lembrando de tudo que eu era e como contribuiu pra eu me tornar quem sou hoje.
Há um tempo eu não sabia da importância do dia em que nasci. O que tava valendo era ganhar presente ou ficar reclamando um ano todinho por não ter ganho presente de aniversário. Hahahaha, que palhaça que eu era hahahaha… ainda sou, mas um pouco menos.
E enfim nasceu Amina Ndatté Iwa Ubunye ÒKòtó em mim, aquela que fará com que os seus descendentes honrem os ancestrais desde antes de chegar aqui no ayê, aquela que vai quebrar essa dita timidez que não passa de mais uma forma de negligenciar o corpo preto, aquela que por qualquer meio necessário se levantará e levantará os seus!
Amina — Guerreira que se tornou a primeira rainha da Nigéria, Amina nasceu por volta de 1533 na província de Zazzau, no território hoje ocupado pela Nigéria. Amina governou o reino de Zazzau durante 34 anos, tendo nesse tempo expandido os territórios do seu reino através da conquista de várias cidades. A rainha abriu rotas comerciais e acredita-se também que foi ela que iniciou o cultivo de nozes de cola nos seus territórios. Amina tinha um dom único para a liderança e terá sido a primeira a introduzir nas sociedades hauçá a administração que hoje conhecemos. Embora não tenha tido filhos, há quem diga que Amina tem descendentes diretos dos seus irmãos ainda vivos e que estão entre as elites governantes. Amina morreu numa das suas muitas batalhas. Conta-se que a rainha terá morrido em Atagara, onde é hoje o Estado de Kogi, na região central da Nigéria. Amina simboliza força!
Ndatté — Foi a última rainha de Waalo, um reino localizado no noroeste do Senegal, durante o seu reinado, ela lutou contra a colonização francesa e a invasão moura do seu reino. Com pouco mais de 16 anos, casou-se com o primo e o rei de Waalo — Brak Yerim Mbanyik Tigereleh Mbodj ou Yerim Mbagnik Tegg Rell. Aquele casamento, no entanto, foi político, a fim de promover o poder de Tedyek.
Ndaté Yalla se casaria novamente com Sakoura Barka Diop, mais conhecido como Marosso Tassé Diop, o príncipe de Cayor e o senhor de Koki, que era parente de Lat Dior Diop (futuro rei de Cayor e Baol) e Sayerr Jobe — fundador de Sere Kunda na Gâmbia. Marosso Tassé, um guerreiro nobre de Cayor, comandaria o exército de sua esposa contra a ameaça moura e eminente da França nos próximos anos. Desse casamento, eles tiveram Sidia Diop. Marosso Tassé também era uma figura bastante poderosa e influente em Waalo, também conhecido por ser um guerreiro valente. Durante seu reinado Ndatte e seu marido Maaroso Tassé comandante de seu exército lutaram contra os mouros de Trazar que estavam invadindo seu território e contra o exército colonialista francês. Em 31 de janeiro de 1855 tendo sido derrotada, a rainha fez o seguinte discurso:
“Hoje somos invadidos pelos conquistadores. Nosso exército está completamente derrotado. O Tiedo [exército animista] de Walo, por mais valentes que sejam os guerreiros, quase caiu na bala do inimigo. O invasor é mais forte do que nós, eu sei, mas devemos abandonar Walo nas mãos de estrangeiros?” — Ndaté Yalla Mbodj (31 de janeiro de 1855). A Rainha Ndate Yalla Mbodj morreu em Dagana, onde ainda permanece uma estátua erguida em sua homenagem.
Ndaté Yalla Mbodj, é considerada uma heroína na história do Senegâmbia, ela desempenhou um papel crucial na luta pela libertação africana, grios registraram sua coragem. Durante sua vida e depois, Ndaté Yalla foi um símbolo de resistência contra o colonialismo francês.
Iwa / Maat — Maat ou Ma’at é a deusa do equilíbrio, harmonia, verdade, justiça, da retidão e da ordem. De acordo com a religião egípcia, no julgamento dos mortos, ela pesava as almas de todos que chegassem ao Salão de Julgamento subterrâneo com a pena da verdade. Colocava a pluma na balança, e no prato oposto o coração do falecido. Se os pratos ficassem em equilíbrio, o morto podia festejar com as divindades e os espíritos dos mortos. Entretanto, se o coração fosse mais pesado, ele era devolvido para Ammit para ser devorado. Sua oposição era sua irmã Isfet o caos que, embora fosse temida, era essencial pois ambos os aspectos, o equilíbrio e o caos. Maat é a mãe de Rá, como também sua filha (e esposa), assegura o equilíbrio cósmico e é graças a ela que o mundo funciona perfeitamente. “Ela é a luz que traz Rá ao mundo”, deve estar presentes para que o equilíbrio possa existir. Na espiritualidade Yoruba, ela se chamava Iwa. É a deusa responsável pela manutenção da ordem, esposa de Orunmila (sabedoria/Tehuti). Ela também é mãe de Oduduwa, o Primeiro Imperador. O nome de Oduduwa significa “Olu Dudu Iwa” (Senhor Preto de Iwa). O “de” não está se referindo a dizer “Senhor Preto SOBRE Iwa”, mas “Senhor Preto de Iwa”. Iwa era sua mãe. Suas primeiras palavras para Orunmila foram estas, enquanto ela segurava a cabeça dos escravos:
“Eles confundiram harmonia com fraqueza.
Eles não sabiam que harmonia significa equilíbrio.
Eles não sabiam que a harmonia se protegeria.
Eu sou um personagem harmonioso.
Eles pensaram que poderiam escravizar um caráter harmonioso.
Mas onde há escravidão, não há harmonia.
Iwa nunca viverá em uma terra que permita a escravidão. “
Você não pode matar a Maat-Iwa, esposa de Orunmila.
Seu nome Orunmila significa “Orun mi é l Iwa”, que significa “Meu céu é de Iwa”.
Ubunye — Na língua Zulu significa união, e é o que eu desejo pros meus que seguem lutando por liberdade, pela liberdade total, mental, espiritual e corporal.
Òkòtó — Orixá da expansão. A partir dele surgem diversos Exu´s. É aquele que pulando a partir de uma perna só, rodopiando, pisou por todo o espaço. Representação máxima da evolução em espiral e da reciprocidade. Responsável pelo crescimento e desenvolvimento das sociedades, das pessoas, de tudo, segundo a regra de ouro da reciprocidade. Quem dá mais recebe mais e cresce. Expande. Quem dá menos, recebe menos e afunila. Se afunilamento ou expansão, é o seu compromisso com os ebó da vida que vai lhe dar a direção, pra qual sentido vc vai. Você colhe na medida do que planta. É de certa forma o Orixá da justiça, que como Orixá responsável pelo desenvolvimento e crescimento, vai assegurar que esses só cheguem a quem tem merecimento. Desse nome, não temos muito o que falar. Mas podemos dizer sem ter medo de errar que honramos. Esse vai ser o nome de família dessa comunidade. Que todos e todas por aqui devemos honrar. Òkòtó só faz crescer, expandir. Sempre na base do compromisso com a reciprocidade, com responsabilidade.
Todo nome tem uma história, e essa é parte da história do nome que tenho a honra de carregar.
Força, Coragem, Harmonia, União e Expansão!