Aprender é sobre Conectar

Stephanie Manu
revistaokoto
Published in
4 min readMay 11, 2021

Eu nunca gostei de história, na época da escola dava preferências para as matérias de lógica, matemática, biologia, química, nunca fui fã de história e fugia de geografia igual os negresco foge do okoto. E é engraçado que agora, o grupo que eu esteja e o trabalho que estou somando seja justamente nas páginas de história, e pior o que eu mais to gostando de estudar no momento é a geografia ligada às histórias, como pode né!? Mas a explicação é bem simples, o problema nunca foi a história, a geografia, a gente sabe que o que se passa nas escolas não é lá as histórias que a gente deveria ouvir, mas mais do que isso, além do conteúdo, que não é dos melhores, o modo de ensinar também é corrompido.

Ilustrção: Izaias Oliveira

Comecei a estudar sobre Sete Artes Liberais esses dias, essa era a educação passada em Kemet, que os Europeus roubaram e transformaram nisso que eles chamam de educação hoje. É engraçado que tem uma parte do texto que eu tava lendo que diz tipo assim: “O ensino americano é baseado na sete artes liberais, eles só mudaram o modo de se estudar, a importância de cada arte, o por que de se estudar e acrescentaram racismo e demais discriminações” Eu ri cara kkkkkkkkkkkkk como pode ser baseado com tudo distorcido?

Só de tirar o propósito já muda toda a configuração do que é aprendido, agora imagina mudando isso tudo? Loucura, realmente uma pseudo educação.

Uma das coisas que eles mudaram, é isso de separar por matérias, estuda cada coisa desvinculada da outra, nada tem um objetivo é tudo solto. E nas artes liberais não era assim. Todo o estudo feito ali tinha um propósito claro e era conectado a todas as outras matérias, a matemática não era uma coisa solta, de números e contas aleatórios, estudavam a matemática para poder aprender sobre conceitos da vida, tudo era interligado, tinha uma explicação. E com essa Yuruguzação da educação isso se perdeu e o que vemos hoje é uma educação deseducadora, uma educação para servir, uma educação que forma operários para manter a (des)organização da sociedade atual, ensinados a servir para o crescimento do yurugu, consequentemente, para o seu próprio decrescimento.

E nos meus estudos de história para a produção de textos ou lives pra pagina eu comecei meio que sem querer a fazer ligações fora da história pra conseguir entender, por que eu não conseguia lembrar do conteúdo, por mais que eu gostasse da historia, fosse uma pessoa foda, meu cérebro não entendia, podia até memorizar, mas não processava, então na maioria das vezes a única coisa que eu conseguia fazer era reproduzir o que eu li, mas eu não conseguia ver sentido no que eu tava passando. Eu ficava pensando como as pessoas faziam lives e textos tão bons, com todas aquelas informações e eu não conseguia. Então percebi, que pra mim entender o que eu tava estudando, o que eu tava passando, eu precisava entender o contexto, não dá pra falar sobre um grande reinado sem saber onde ele fica geograficamente, sua cultura, seu passado, tudo influência e foi aí que comecei a juntar geografia com história, isso de início, já é uma recuperação do modo de aprendizado que a gente perdeu, mas não fui eu que comecei com isso, no Okoto a gente já utiliza dessa pretagogia, é a corporeidade somada a espiritualidade e a intelectualidade, uma não funciona sem as outras duas, e duas não funcionam sem uma. Se não é coisa de yurugu. E a gente já sabe onde isso leva. É interessante pensar que isso não difere no restante da nossa vida, eu por exemplo entendia a questão da espiritualidade, corporeidade e intelectualidade, mas não tinha sacado essa questão com a história, é como o Taiwo sempre fala ne, sabe fazer a conta com maçã mas não sabe fazer com laranja.

Aposto que tem gente que faz isso sem perceber, é natural, e tem gente que percebeu, assim como eu, e tá aplicando. Igual com a questão do texto, que eu utilizava sem perceber, sempre quando eu ia pegar algo pra escrever eu fazia uma conexão com outra coisa, na verdade eu chamo de pegar o que te toca naquele assunto e construir um tem em cima disso e quando eu tô garrada pra escrever, to com “bloqueio” eu sei que é por isso, to com um tema muito fechado e não encontrei o que me atinge no assunto. Isso pode ser também por conta de pouco embasamento, até porque não tem como encontrar o que te toca sabendo uma mixaria sobre o assunto, mas tudo é sobre fazer conexões e a maioria das vezes que a gente não consegue produzir algo com um certo tema é por que não fizemos conexões suficientes, isso se explica até biologicamente. Quando você relaciona um assunto com o outro seu cérebro memoriza melhor porque o seus neurônios fazem mais ligações então é mais fácil entender o que foi estudado, pois ele pode ligar aquilo a partir de vários pontos diferentes.

E eu fui aprendendo isso, eu sei que as minhas lives não são das melhores (espero o dia que eu vou poder dizer que é, por que eu to trabalhando pra isso) mas estão bem melhores do que quando eu não tinha sacado essa interseccionalidade e faz pouco tempo que eu entendi isso, mas já acho que tem uma diferença gritante, até a questão do nervosismo melhorou, porque entendo melhor assunto, e não vamos parar em geografia né, o propósito é expandir até que tudo possa explicado através de um e esse um possa ser explicado através do todo, alcançar o mais próximo das artes liberais que seja possível, retomar ao máximo do nosso modo, o nosso ensino.

Ah e pra finalizar como eu comecei, hoje eu sou completamente apaixonada por história e cada dia que passa eu quero estudar mais, haja tempo viu.

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