“Aquele que não cultiva seu campo, morrerá de fome”

Kianga Hwanjile
revistaokoto
Published in
2 min readOct 6, 2022

O que me faz ter mais vontade de ser mãe é olhar para como as minhas irmãs lidam com a maternidade, lógico que é aquilo, com todas as dificuldades, angústias, medos e situações que colocar uma criança no mundo traz. Na minha família, os tios também são padrinhos e madrinhas, os primos também são irmãos e se tiver um de nós pra tomar conta de geral não rola essa de “não encosta no meu filho”, a ordem é “se perturbar ou tiver de abuso pode bater mesmo” rs isso é confiança. Até eu mesma quando era criança tive primos mais velhos que cuidavam de mim.

Viver isso me ajudou a entender aquela frase “é preciso uma aldeia inteira pra educar de uma criança”, e hoje posso olhar isso no Òkòtó também e ter certeza de que quando chegar a minha vez, não estarei sozinha, além de poder contar com um parceiro que pertence ao Kilûmbu e tem os mesmos propósitos que eu, poderei contar também com toda uma comunidade, onde terão outras mães e pais para trocar figurinhas, tios e tias para ajudar e que minha cria vai ter também outros irmãos de comunidade pra tá brincando, aprendendo e se educando juntos. Pensar nisso me traz uma certa tranquilidade porque sei que tô bem parada.

Há um provérbio que diz: “aquele que não cultiva seu campo, morrerá de fome”, e no Òkòtó sabemos que as crianças são os que vão herdar o trabalho que temos feito e elas que são o futuro da comunidade, então mesmo que não sejamos os pais da criança, todos sabemos que temos por dever zelar e cuidar delas para garantir nossa continuidade.

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