Capoeira é a metáfora da vida
A sagacidade da capoeira é a relação com a vida. Foi criada a partir da necessidade de se manter vivo. O jeito capoeira de ser vai muito além da roda.
A gente sabe que capoeira é um jogo de pergunta e resposta, assim como a vida, sempre vai ter um problema, uma pergunta, e nós vamos ter que achar uma solução, uma resposta.
O que acontece é que muita gente trava, não sabe o que fazer e como resolver. E é aí, que capoeira entra na minha vida, pra ensinar que a vida/o jogo é feito de diálogo.
Um jogo bonito de ver, é aquele jogo entrosado, de embolação, um jogo mandingado.
"Jogo de dentro
Jogo de fora
Esse jogo bonito
É o jogo de angola"
Capoeira é pra vida e sobre(viver) na vida. Como lidar com as adversidades e rasteiras que aparecem por aí. Saber não levar o mesmo golpe ou ficar esperto em uma chamada. Da mesma forma que o jogo precisa ser gingado, com molejo e energia. A vida precisa de movimento, de ação. Porque nada cai do céu. A capoeira ensina sobre a autonomia de se virar no jogo e de sempre estar atento ao que está por vir, mas sem deixar de jogar. É sobre saber que a vida é feita de desafios, mas nem por isso vamos deixar de nos divertir.
E que a vida não se vive sozinha, a gente joga em dupla com o corpo, os instrumentos. A gente precisa do outro, de estar inserido em uma comunidade. A roda faz o movimento acontecer, faz a vida passar e o ciclo recomeçar.
“Se quiser ir rápido , vá sozinho. Se quiser ir longe, vá acompanhado.”
Capoeira faz parte da história da vida, ela conta parte da história e ao mesmo tempo reescreve a história. É quando se misturam e a gente entende a real importância da capoeira para corpos pretos. A regra é simples, quando levar uma rasteira não fique caído no chão, é feião. Levanta, e dá uma melhor ainda.
É isso que levo para minha vida. Isso que aprendi com a capoeira. Tento todos os dias cair menos e derrubar mais.
“É preto, é preto, é preto ô calunga
Berimbau é preto ô calunga
É preto, é preto, é preto o calunga
Seu Pastinha é preto ô calunga
É preto, é preto, é preto ô calunga
O saci é preto ô calunga
Capoeira de Angola é preto ô calunga
Mestre Bimba é preto ô calunga”
