Comida pela emoção

Marina Piedade
revistaokoto
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3 min readApr 22, 2021

Pesquisando sobre Dr. Llaila Afrika e Dr. Sebi consegui catar vários papos sobre nutrição e alimentação, os caras são muito certeiros em explicar o quanto nossa saúde de um modo geral, e não somente de partes, está relacionada a nossa alimentação. Parece simples mas essa relação é um pouco mais profunda, Dr. Llaila aponta que nossas emoções estão relacionadas com a nossa cultura, que desenvolvemos afeto por aquilo que fomos ensinados culturalmente e com isso ele vai dizer que o que nos motiva a ingerir determinados alimentos é pura e exclusivamente a emoção. E que no nosso caso, estamos emocionalmente ligados à uma alimentação caucasiana “Ah meu dia foi horrível, vou comer uma batata frita pra melhorar!”, “Ah meu dia foi muito bom, vou comer um hambúrguer pra comemorar” A emoção impulsiona nossas escolhas. Não estou dizendo que estar ligado as suas emoções é ruim, mas é preciso ter cuidado com aquilo o que nos emociona demais, geralmente é onde a gente escorrega na casca de banana.

Pensando nesse role alimentar, tanto o Dr. Llaila quanto o Dr. Sebi falam sobre suas próprias experiências com a alimentação e com produtos industrializados, que antes de adotarem uma alimentação alcalina eles comiam muito mal. Mas uma parada que me marcou bastante foi uma fala do Dr. Sebi em que ele diz que foi um “bebê nascido doente”, que nasceu asmático, e isso formou uma imagem na minha cabeça, de alguém que nem nasceu sendo diretamente afetado pelas escolhas de quem já está aqui, nossas crianças nascendo doentes ou mais suscetíveis a desenvolver doenças por conta de escolhas que nem foram feitas por elas. E isso me forçou a pensar a alimentação, que eu sempre encarei de maneira individual, como uma parada coletiva.

Muito se fala sobre comunidade, e o que mais rola é a galera cobrando a comunidade sem nunca ter feito nada por ela, ou sem nem estar organizado com ninguém. Um papo que se dá muito no Kilûmbu é, o que você retorna ou faz pra sua comunidade? E levando pra esse lado alimentar é importante termos em mente que cuidar da nossa saúde (física, emocional e espiritual) já é pelo menos não atrapalhar a comunidade. Quando estamos saudáveis temos mais disposição pra somar e fazer os corres necessários para o coletivo, para nos defender, para ajudar quem eventualmente não está conseguindo, e também para gerar mais pessoas saudáveis que farão parte dessa mesma comunidade. Estamos falando sobre garantir nossas condições de existência agora mas também as condições para que o nosso futuro e legado sejam o melhor que puderem ser. Quando se fala em coletividade não é sobre fazer a vontade do individuo, é sobre fazer o necessário e o melhor para aquela comunidade, com pessoas saudáveis e dispostas para criar e gerar crianças nesse mesmo pique, cuidar da sua saúde é o mínimo de retorno que você deve dar.

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