Confiança
O tema do itoju dia desses foi sobre confiança, e eu nem queria participar porque desse papo eu fujo não só quando se trata de confiar em mim mas também de confiar no outro. Mas o papo foi indo por um caminho tão bom que no final deu gosto de participar.
Bom, eu sempre fui uma pessoa muito desconfiada, eu desconfio de tudo e todos RS isso não é bom nem ruim, porém se for em desequilíbrio pode dar ruim. Tenho entendido que isso não é necessariamente porque eu aprendi a desconfiar do outro em si, mas também porque eu aprendi a desconfiar dos sentimentos, aprendi a desconfiar do amor, aprendi a desconfiar do afeto. E em contra partida eu confio muito no desamor, na falsidade, na traição e principalmente no abandono e na falta.
E aí que pega né? Se eu desconfio do amor e do afeto que alguém pode me dar é porque no fundo eu não confio que alguém seja capaz de me proporcionar isso, e isso leva a falta de confiança em mim mesma. Tem o fato que em boa parte da minha vida eu tenha flertado mais com a falta e isso já me leva a esperar que a falta virá. Mas se eu tivesse um pouco mais de confiança em mim, não me preocuparia tanto com a falta vir e aproveitaria muito mais a presença do afeto. Não sei se vocês tão catando a visão. É tipo como se a confiança em mim também alimentasse a confiança que vou ter no outro.
Aqui não tô falando em confiar em qualquer um, até porque acho que em certos casos devemos confiar desconfiando sim. Mas das pessoas que eu me proponho a estar, fortalecer e caminhar junto eu minimamente deveria confiar.
E também tem disse confiar em si é confiar que qualquer caminho que você escolher, qualquer canto que pisar vai dar bom mesmo que dê ruim, porque quando se confia em si até mesmo o descaminho pode nos levar a um melhor caminho que o primeiro. Ao mesmo tempo confiando em si a gente aprende a confiar na nossa intuição e que ela vai saber apontar bem quem a gente pode ou não confiar. E assim, se a falta chegar, errado é quem deixou faltar, segue teu baile porque qualquer um pode nos abandonar/trair/enganar, a gente é que não pode fazer isso a nós mesmos.
Tem um itan que Oyá se olha no espelho de Oxum e se descobre que é belíssima, a mais linda das mulheres, Oxum tratou logo de fazer alguma coisa, pegou o espelho de Egungun que só mostrava a morte Oyá quando viu a morte entrou em pânico, enlouqueceu, ficou presa naquela imagem e morreu. Se Oyá soubesse mesmo quem é, que realmente é linda bela, e que deveria confiar que aquela era sua imagem, ela não ia precisar do espelho do outro. Primeiro ela se viu no espelho de Oxum e descobriu que era linda, acreditou naquilo porque se viu no espelho do outro, depois em outro espelho viu a morte e ficou presa naquela imagem. Quando a gente se pauta pelo espelho do outro e esquece de confiar em si, é isso que acontece. Por isso o importante da autoimagem e a partir dela a autoconfiança.
Taiwo no treino passado deu o papo que quando a gente pisa na roda a gente tem que pisar confiante, acho que isso dá pra gente levar pra tudo na vida.
