Epigenética como aliada.

Olàmidê Òkòtó
revistaokoto
Published in
3 min readMar 25, 2021
Por Iza Oliveira

É massa quando a gente tá comendo algo e sente que aquele sabor é super familiar, ou até mesmo um cheiro, uma sensação física e tals, é engraçado a lembrança que a gente tem, mas não é uma lembrança qualquer, é uma vaga lembrança. Se é que me entendem ?? É uma lembrança que se não investigar melhor, ela vai continuar meio vaga.

A epigenética, pode modificar a expressão gênica de acordo com o ambiente onde vive, sem mudar seu genoma, sem mudar o DNA, tipo, TODAS as experiências vividas por até sete ancestrais nossos, pode estar presente nos nossos genes hoje.

E sabendo de tudo que meus ancestrais passaram pra que eu pudesse estar aqui hoje, sabendo que os meus hábitos hoje podem estar presente no gene de sete gerações depois de mim, me sinto na obrigação de correr, mas correr muito pra equilibrar todos esses meus anos de displicência.

Nada de deixar paradas negrescas pros próximos.

Quero deixar pros meus sucessores, a consciência de comunidade, a importância de estar sempre entre os nossos, e fazer sempre o que for necessário pra que esse espírito de comunidade não morra. Faço questão de deixar subentendido que não dá pra confiar em gente branca, e que essa galera sempre vai tentar tirar proveito de tudo que é nosso, da nossa inteligência e do nossos corpos, em falar em corpo, nosso corpo é a casa do nosso espírito, não é qualquer um que pode ter acesso a ele, não é de qualquer jeito que devemos tratar dele.

Cada dia que passa me sinto cada vez mais feliz em fazer parte de um lugar, que tá cheio de pessoas que tão nesse mesmo corre. Corre de sempre escolher estar em comunidade, diante das diferenças de cada um, e me atrevo a dizer que essas diferenças são o que fortalecem o Kilûmbu. Aqui é onde estamos criando um lugar pra educar as nossas crianças e adultos também. Aqui onde temos o olhar pros cuidados do corpo. Aqui é onde aprendemos na prática coisas que de fato são pretas. É aqui onde estamos a cuidar do ambiente em que vivemos. Aqui é onde eu tô reaprendendo a viver cada vez mais preto e assim vamos evoluindo.

Como diz o Brabo: “Na contra mão de quem não quer evoluir”

Minha avó de 73 anos pulando corda.

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