Gaiaku Luiza: o que a baiana tem?
De cachoeira eu vim
fia de Cecília, iniciada de Yemonjá,
fia de Miguel, Pengigã de Roça do Ventura,
gostava muito quando mamãe falava nagô
papai tocava atabaque,
porque era o primeiro Ogan da casa.
Papai nos criou em Seja Hundé.
Vó Malakê
veio de navio pra ser de Pombinha,
que de santa num tinha nada
Do Candomblé eu me criei
em Roça do Ventura, me firmei
Meu primeiro início foi em Oyá,
mas desde menina fui de Azansú
Primeiro, me iniciou Nezinho de Ogum na Nação Ketu,
Depois Gaiaku Abali me trouxe ao Jeje,
de onde veio minha família.
Meu barco foi feito de 3 voduns:
um era de Osún,
outro era Azanzú e
não podia faltar minha Oyá.
Quando rumei caminho pra ser Gaiaku,
foi uma peleja achar o terreiro que queria:
era pra ser de árvores frutíferas e
abundância de água, mas
no dia de finado,
tinha que acontecer.
Conheci um terreno cheio de Dan embaixo das foia.
O véio que me vendeu era de Azansú e
sua véia, Maria, era de Oyá.
Antes de me mudá pra lá,
não tinha como não pensar nas cobras
que me mostraram o caminho de casa.
No começo foi difícil
viver naquela casa de palha
comia zinco e arrotava semânio.
Dois ano depois,
inauguramo o terreno com a permissão de
Gaiaku Romaninha,
com festa pra Azansú,
o dono de nossa casa.
Em Panteão de Dan
é vida em movimento
a encruzilhada da renovação:
onde a cobra envenena,
também há de curar.
Dan é rico porque ajudou na criação do mundo.
No Panteão Hevioso,
do trovão: Sogbô
Alele mi ne wa sogbô
o rei da nação,
num é Xangô não.
No ketu chama Xangô,
no Angola chama (N)zazi.
Quem comanda a casa é Azansú,
dono do Panteão da terra,
no Ketu chama Omulu,
no Angola chama Nsunvu kavungu,
entendeu?
Só que o dono próprio é o Lissá,
no ketu chama Oxalá,
mas Oxalá entregou Azansú pra
ser o responsável.
Mawu-Lissá,
gêmeos de Nanã
pra trazer equilíbrio ao mundo.
Fia de Oyá me criei
fia de Azansú me entreguei
pra Dan dei de comer primeiro
pros meus fio fiz como Nanã:
fui mãe universal que a natureza deu.
