Honre sua ancestralidade

Bàbálóore Ọmọwale Apókan Òkòtó
revistaokoto
Published in
2 min readMar 10, 2021

Não queira que seus ancestrais, em terra ou já no Ọ̀run sintam um falso orgulho de você.

Vejo muitas falas de mais velhos com relação aos seus mais novos que servem mais como alívio da própria consciência do que pra exprimir uma verdade. E Tudo encoberto por um parâmetro brank’o de sucesso.

Não se trata de ser ou fazer aquilo que o mais velho “planejou” pra você com relação ao seu rumo profissional ou de formação familiar. E não que isso também seja algo ruim, pelo contrário. Mas para além disso, tem a questão de caráter também a ser considerada. Tudo isso junto vai dar dimensão a direção que a vida de uma pessoa toma na jornada de construção de um homem ou de uma mulher.

Ilustração: Izaias Oliveira

Tipo… A pessoa tem uma vida profissional super estabilizada. Carreira de vento em popa, tá voando! E tudo dentro dessa perspectiva brank’a de sucesso. Mas ao mesmo tempo é um cara que não mostra compromisso real nenhum com a família “construiu”, é uma mãe que tá sempre negligenciando afetivamente os filhos e o companheiro. Ou fora desse âmbito, passa meses sem procurar o pai, a mãe, irmãos e outros membros da família. Amigos antigos… não tem contato com nenhum deles faz tempo. Sua vida social está em torno de pessoas que só conhece e só o (a) conhece de forma super rasa.

Daí você vai perguntar o pai ou a mãe como está a pessoa e eles vão responder que ela está ótima, trabalha muito e “tá tendo muito sucesso na firma”. E então você questiona quando foi a última vez que os pais viram esse filho (a) e eles não vão nem lembrar se isso não tiver sido em ocasião de alguma data comemorativa. Mas no fim vão dizer: “Mas o importante é que ele/ela tá bem de vida, tá ganhando bem!”.

Nesse momento você percebe a frustração no fundo dos olhos dos coroas. Fica nítido que o orgulho que eles dizem sentir é falso.

A lógica desse exemplo vai se aplicar a diversas outras situações nas quais o ancestral não enxergue o homem ou a mulher que ele esperava enxergar a certa altura da vida.

Honrar a ancestralidade não é se fazer alguém perfeito. Não é essa a ideia aqui. Até porque nem acredito em perfeição.

Mas horar sua ancestralidade é mostrar a ela que um homem/uma mulher se formou. Uma pessoa da qual esse ancestral poderá se orgulhar pelo que construiu na vida, por como essa vida se construiu e pelo ancestral que essa pessoa se tornará para as gerações seguintes.

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