Iniciativa sem compromisso é caminho pra quem é omisso

Priscila Argolo
revistaokoto
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3 min readJul 12, 2022

Sempre gostei de escrever, só que isso não facilitou a tarefa de falar sobre si. Eu mesma, como realmente me vejo, para além das qualidades e a destreza nas palavras.

Só que antes de falar sobre mim, sempre falei como alguém de fora, alguém que não vivencia, mesmo estando presente. Dá até impressão que tô falando que estou fora de mim mesma, mas é quase isso.

Como hoje é meu dia de nascimento, sinto que é um dia de pensar sobre responsabilidades. O que por muito tempo foi pensar sobre o Carpe Diem: viver como se o mundo fosse acabar, acompanhado pela ressaca moral do dia seguinte.

Se nasci, é porque me foi permitido o fôlego de vida, alguém sentiu dor para que o meu choro se tornasse música. Para que algo nasça, algo precisa “sangrar”. Faz dias que penso sobre isso. A criação de famílias, o nascimento de gerações e outras coisas mais, precisa de sacrifícios.

Por muitas vezes, me vi feliz por ser inteligente. Consigo fazer coisas boas em pouco tempo e sei usar as palavras como ninguém. Sempre me safei por pouco de várias situações e me achava foda por percorrer atalhos, não caminhos.

Acho que isso me motivou a sempre fazer tudo em cima da hora. Sempre esperando a hora de morrer, a hora de correr, a hora de fugir, a hora de ficar sempre à toa. Safa de toda e qualquer situação, porque eu sempre me achei super inteligente por estar “tudo bem” chegar atrasado.

Só que os atraso vão se tornando ausências e as iniciativas vão se tornando sentenças. Tudo o que abraçamos com as lentes da emoção pode se tornar uma sentença, principalmente se você é um mobilizador e não um organizador.

— Olha só, a mulher cheia de axé no uso das palavras sem axé na palavra.

Porque é assim: o que foi dito só tem verdade se for realizado; o que se mobilizou pela emoção, se destrói com a desmotivação.

E, se só se avança com emoção e desanima no próximo instante, onde é que está minha emoção? Fora de mim. Sempre olhando pro que os outros precisam fazer, nunca olhando pro que eu não consigo fazer. Até porque… comprometimento sem compromisso é oportunismo.

Por Iza Oliveira

Tudo isso aí que tô falando é sobre encruzilhadas, escolhas e decisões. As encruzilhadas estão aí para escolhermos os caminhos que seremos responsáveis, mas, se fugimos das escolhas, estamos deixando a escolha na mão do outro.

É sempre deixar na mão do outro o que não consegue fazer por si mesmo, é sempre sumir por uns dias quando não quer encarar, é sempre “depois eu faço”, sendo que não é da mobilização que preciso, é de organização.

E não tem como ser uma organizadora externa sem cuidar da organização interna. Não tem como passar ano por “um novo ciclo” se todos os anos é a mesma coisa, sem mudança alguma, sem sangue algum, para além de raladas que saram em dois dias. Mobilização sempre é nula quando vem desacompanhada de organização.

Pois é, não posso parar!

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Priscila Argolo
revistaokoto

Ninguém me deu permissão pra sonhar, mas eu já sabia o quanto era bom. Mãe do Jota, companheira do Marquinhos e a humana da Akira.