Já alimentou Ògún hoje?
Outro dia ouvi um papo entre duas pessoas no metrô:
- A gente se vê na sexta, né?
- Sim. Até porque não tenho opção. Tenho que ir.
Pelo contexto da prosa (sim eu tava ouvindo a conversa duzoto), era alguma rotina de trabalho e tal. E aí fiquei pensando… Que m&rda tu ter que estar num local que não quer. Muitos de nós passamos por isso, no passado e/ou no presente. E isso é um bagulho muito zoado. A gente tá nessa rotina pra ganhar dinheiro, mas o tanto que se perde de energia não deixa fechar a conta.
Tem um ìtàn que conta que uma vendedora de acaçá e mingau estava, como fazia todos dias, vendendo suas iguarias na beira da estrada. Eis que por ali passa o general Ògún com seu exército, retornando da última campanha de guerra. Estavam famitos, Ògún perguntou a vendedora se ela não poderia lhes dar o de comer. Prontamente a vendedora afirmou que sim e pois-se a servir todo o exército abundantemente. Todos se fartaram e, ao fim, Ògún disse que não tinha dinheiro para pagar a refeição oferecida, mas poderia dividir com ela os espólios de guerra que trazia consigo. A vendedora aceitou. E com o recebido, ficou muito muito rica. A notícia se espalhou e Ògún ficou conhecido como aquele que dá caminhos de fortuna a quem lhe alimenta de bom grado!
Seu trabalho é onde você coloca sua energia pra receber energia de volta. Energia é àṣẹ. Nessa pegada de só enxergar retorno material do lugar onde se emprega energia, nosso àṣẹ vai sendo consumido sem retorno.
É por isso que quando a galera procura psicólogo quando tá se sentindo muito sobrecarregada pelos afazeres do dia-a-dia, a orientação que se recebe é de busquem uma atividade que lhes dê prazer. Mas percebem o problema disso?
A gente precisa ter prazer no trabalho que a gente faz. E não falo só sobre o trabalho formal. Mas falo de TODO tipo de trabalho que fazemos.
No trabalho que desenvolvemos precisa haver amor e paixão!
Apesar de fisicamente cansativo, eu tenho paixão por tudo o que faço pela manutenção e edificação da minha casa, pois aquele é o lugar que me acolhe e estará sempre pronto para acolher os meus.
Amo o trampo que tenho dando suporte pro meu pai por conta da sua enfermidade. É muito desgastante, mas eu o amo e quero sempre poder contribuir para proporcionar seu conforto e bem estar.
Tenho paixão pelo trabalho que desenvolvo dentro Kilûmbu Òkòtó. Pois cada avanço que nós temos me soa como uma vitória pessoal. E é! Além de comprender a importância desse ganho pra minha comunidade.
Da mesma forma como tenho amor e paixão por minhas obrigações na minha casa de àṣẹ. E por estar longe, sinto falta de não poder contribuir mais, por não estar cotidianamente próximo. Para além dos benefícios pessoais que possuo estando e trabalho naquele lugar, cada folha levantada e colocada no lugar certo é certeza da minha contribuição para a continuidade do legado que recebi.
No fim, quem mais se regozija do nosso trabalho feito com o coração aberto é Ògún.
Trabalhar com amor e paixão é prestar culto aquele que te dá capacidade de desenvolver sua atividades.
Trabalhar com amor e paixão é alimentar Ògún!
Ogunhê!!!
Ògún dá caminhos de fartura àquele que o alimenta de bom grado!