Já fez a sua escolha hoje?

Jhené Zahara
revistaokoto
Published in
2 min readMar 10, 2021

“Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caça sempre glorificarão o caçador”.

– Provérbio africano da Nigéria –

É necessário voltar no ontem para dar sentido ao hoje. Nós precisamos resgatar a memória para continuar fazendo história no presente e assim, construir um futuro menos cabuloso. Nos desfazendo dos recheios brancos, de tudo que nos deseduca, nos enquadra, nos impede de agir preto. Quando a gente se desintoxica do branco e se alimenta da nossa cultura, nos tornamos referências saudáveis e eficientes pros nossos.

“…as histórias de caça sempre glorificarão o caçador” se a máquina é branca, vai favorecer quem? Se o espaço é branco quem é o convidado? Será que é a galera do eu no topo e o resto que se exploda, ocúpa turo sim, meu gosto minhas regras? Eles são permitidos estar nestes espaços, mas só enquanto deixarem, isto é, só durante o tempo que estão servindo a história e imagem (branca) que descaradamente continua lucrando com isso! Pois, afinal é só colocar um ou dois pretos que tem o discurso tão branco quanto a caridosa alma benevolente do empresário yurugu, que tudo se mantém e eles continuam tendo o poder da escolha da narrativa e do capital financeiro também.

Onde eu quero chegar com isso?

Isso tudo é pra falar que fazemos escolhas, as pessoas lidam com escolhas diariamente, isto é, custo de oportunidade, ou seja, é necessário abrir mão de um bem para obter outro. Por exemplo, quando Orumilá optou por abrir mão de Oxum, para que a energia masculina fosse estabelecida, abre-se mão do amor que ele sentia, quando se opta em continuar com ela, abre-se mão de estabelecer a energia masculina. Deste modo, é tomada uma decisão entre o custo e benefício, quer dizer, o ato de escolher uma coisa em detrimento da outra.

Ilustração: Izaias Oliveira

É isso que ainda vendem muito de nós, visam os custos pessoais em detrimento a comunidade. Não romper com maquinário branco significa não termos o controle, para contar nossas histórias e para assim garantir os futuros dos nossos pequenos e da nossa comunidade.

E a chave para começarmos a escrever nossa própria história é autonomia, é isto que tenho aprendido com a capoeira, é buscar os caminhos. Romper e arcar com os custo das minhas escolhas, ser responsável, não esperar pelo outro, não depender de ninguém, mas saber que se caso eu precise terei pessoas vibrando na mesma energia que a minha para me ajudar.

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