Kerry James Marshall

Iza Ananse
revistaokoto
Published in
4 min readMay 4, 2022
Internet

Nessas andanças a respeito de artes, tenho feito algumas boas descobertas de artistas fantásticos que não ouviremos falar sobre eles até que nós mesmos os procure. Bom, não é a minha intenção revindicar qualquer que seja a inclusão de artistas negros em currículos acadêmicos ou coberturas de midias tradicinais, mas sim deixar bem escurecido de que o papo de dizer que não se acha muitos artistas negros para ter los como referência, na maioria dos casos não passa de uma falácia, porque quem realmente quer, logo dá um jeito de encontrar.

Vamos ao assunto de fato que é apresentar um cara fantástico chamado Kerry James Marshall, Marshall é da diáspora Africana nos estados unidos, nascido em Birmingham, Alabama no ano de 1955, ele se formou na Otis Art Institute em Los Angeles em 1978 e de lá pra cá tem acumulado diversos títulos que eu não me aprofundei neste momento, no entanto quero destacá-lo sobretudo pelo seu estilo inconfundível de usar a cor preta com uma maestria extraordinária em suas obras e por questionar as construções sociais a respeito dos padrões de beleza, em suas peças encontraremos pinturas que retratam a vida pessoas negras com um diálogo profundo que nos levam a refletir sobre nós mesmos, sobre a história da arte que estamos acostumados a ouvir e ver tradicionalmente, algo que foi considerados absolutos até então.

A propósta trazida pelo artista, questiona a invisibilidade dos corpos negros nas artes ocidentais, questiona representação de subalternidade destas pessoas negras, que é algo não tão surprendente, pois a arte reflete o meio social que está incerida, sendo o ocidente um ambiente racista, logo…

O que eu acho maneiro é que para além de denunciar este abismo na representação ocidental, ele faz isso de uma forma muito bem elaborada através das suas pinturas ele faz alusões a técnicas e obras de artistas ocidentais(brancos) consagrados, mas com um tom de debochado nos levando a exercitar o raciocínio por meio da história. “Você é obrigado a responder a isso porque existe” disse ele quando falava sobre não termos outras escolhas. Suas abordagens nos levam ao entendimento de que precisamos levantar contra narrativas para o que está posto, é como um dever a ser cumprido, mas não de cobrar para que os brancos venham fazer e sim para nós façamos.

“é que a negritude não é negociável nessas fotos. Também é inequívoco — eles são negros — é isso que quero dizer para as pessoas se identificarem imediatamente. Eles são negros para demonstrar que a negritude pode ter complexidade. Profundidade. Riqueza.”

Como eu havia falado mais acima Marshall tem um domínio maestral com a cor preta, em uma entrevista ao NY Times, eu consegui achar um pouco sobre a sua receita pictórica, em suas pinturas a característica permanente é a escuridão uniforme das peles negras retratadas.

Marshall usa três tipos de preto — negro de fumo, originário da fuligem; marte preto, de óxido de ferro; e marfim preto, originalmente de osso queimado — cada um sutilmente diferente. Para modelar ainda mais o preto, ele adiciona cores — amarelo ocre, umber bruto, dois tons de azul — para lhe dar sete pretos para trabalhar, tons que diferem cromaticamente, diferindo na cor em vez de diferir em “valor”, o termo na arte para distinguir claro e escuro, o valor de um pigmento muda quando o branco é adicionado. Os pretos nas pinturas de Marshall têm um valor absoluto, se você entende o que quero dizer, e o que ele quer dizer: pretos aos quais nem uma gota de branco é adicionada — um método de trabalho que também é, claramente, uma característica conceitual essencial.
-Entrevista ao Ny Times

As suas escolhas pictóricas levantam ensinamentos essenciais para se entender arte em um campo político, não devemos ter nenhum medo em recorrer a origem absoluta da negritude, só através dela conseguimos comunicar o que realmente nós somos.

Marshall é um grande artista, mas também um homem comum que vive com a sua esposa e atriz Cheryl Lynn Bruce num bairro simples de Chicago, Illinois. Hoje ele tem 66 anos e continua em atividade respondendo a história e reescrevendo a história. para quem chegou até aqui, recomendo que continuem aprendendo mais sobre o trampo desse mestre, futuramente trarei uma análise mais aprofundada de suas obras.

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