Líder preto, governo preto!

Cristiano C. da Rosa
revistaokoto
Published in
3 min readJun 7, 2022

Faraó era o nome dado à pessoa que liderava tanto política quanto espiritualmente no antigo Egito. Sua função era estabelecer regras para o bom convívio das pessoas, desenvolver a cultura, a conexão entre os deuses e o povo, pensar no sistema de organização, ordem e justiça dos egípcios. Zelar pela saúde, segurança para possíveis guerras, ampliar as áreas de conhecimento como a economia, astronomia, escrita, matemática que deu origem a grandes construções, assim como o sustento do povo egípcio com as práticas da agricultura eram funções de um faraó.

Dinastia é o nome dado ao período em que um faraó ficava no poder governando. O tempo de uma dinastia durava a vida inteira de um faraó, e se o faraó morresse no período da sua dinastia, em meio ao seu governo, a chefia que ele exercia só poderia ser continuada por alguém da família do próprio faraó. Dinastia retrata o período de comando de um faraó, de um rei, de um soberano ou de seus sucessores familiares que se tornam o próximo governante da dinastia.

Existem registros que marcam o surgimento da primeira dinastia do faraó Menés, também conhecido como Narmer, há mais ou menos 32 séculos antes de Cristo. Nesse período nosso povo já promovia o desenvolvimento do continente Africano a partir do antigo Egito que estava sendo unificado.

A dimensão de um líder faraó do antigo Egito ainda pode ser melhor compreendida ao sabermos que o faraó guardava Maat que garantia a ordem pública.

Ao todo foram cerca de 170 faraós na liderança de 30 dinastias ao longo de aproximadamente 3.200 anos antes da contagem de Cristo.

Na atualidade, e desde sempre aqui na diáspora, vivemos comandados por líderes político-religiosos descompromissados com a vida do povo preto. Não há empenho algum com a nossa existência e não existe nenhuma possibilidade de um dia haver por meio do branc’o. Se analisarmos os malefícios da crença que fomos condicionados, da educação que, desde a base desse tipo de ensino até a formação, gera trágicas aplicações práticas com o que foi embutido no modo de viver a vida, veremos que nada foi elaborado para atender qualquer anseio preto. O que é chamado de saúde, que deveria atuar como mecanismo de longevidade física, de autoestima e aprimoramento mental, só traz prejuízos para o corpo dos pretos e cria dificuldades de raciocínio, de intelecto, é só perceber quantos pretos e pretinhas seguem pedindo para o branc’o parar um pouco de ser racista, sem visão para agir efetivamente ao lado dos seus. A segurança nos mantém acuados e procura conflito o tempo inteiro, estamos desarmados, sempre foi assim, é dessa forma que os covardes alcançam o sucesso de permanecer aniquilando o homem preto, e como consequência, a família preta, o povo preto. Os líderes brankkkos agem para nos extinguir, a justiça foi criada pra isso. E os mesmos branc’os controlam a cadeia de alimentos, produzindo o que ocupa o estômago sem trazer nutrientes que essencialmente a pessoa preta necessita. A gente come, e ao invés de nos sentirmos estimulados, a comida traz cansaço, às vezes dá até vontade de dormir, até parece que é feita para não dar energia, quando, sobretudo, somos um povo potente.

Os períodos de governo de hoje em dia são aprimorados para nos manter afastados, separados, encarcerados, fragilizados enquanto imenso povo preto que somos, pois na troca de governo quem irá suceder são os familiares dos antigos governantes, o filho, a filha, algum desses, de algum lado continuará usando a mesma estrutura para deter o nosso tempo, que é extremamente valioso para nós nos organizarmos e criarmos o que em momento algum será oferecido pelo homem branc’o e pela mulher branc’a.

Apenas o preto, pelo preto e para o preto poderá ter líderes com governos que zelem pelo que necessitamos. É preciso valorizar os poucos líderes que temos. E lembrar que só o preto pode gerar condição que permita o restabelecimento da ordem cósmica, espiritual e social.

O destino é um só, é o mesmo de onde tudo começou!

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