Mestre Darcy!
Dando continuidade aos nossos Mestres Jongueiros, vamos hoje de São Paulo para o Rio de Janeiro para falar do Mestre Darcy do Jongo.
O Brabo dos Brabos:
Jongueiro. Percussionista. Compositor. Cantor. Sambista.
Com certeza você já ouviu falar deste Grande Mestre. Se não foi pelas rodas de Jongo, com certeza foi pelas rodas de Samba. Mestre dos bons, Darcy Monteiro nasceu em 1932, no Morro da Serrinha, em Madureira, no Rio de Janeiro.
Filho de Maria Joana Rezadeira (Vovó Maria) e de Pedro Monteiro, cresceu em família de Jongueiros. Aprendeu desde cedo a tocar instrumentos de percussão e sempre fez trabalhos na comunidade em que foi criado.
Percussionista de mão cheia, Mestre Darcy acompanhou grandes músicos e foi um dos fundadores da Escola de Samba Império Serrano. Não contente em ser um dos fundadores, foi ele o homem responsável por colocar o agogô na Bateria da escola de samba, e o sucesso foi tanto que logo foi copiado por outras escolas.
Dono de um ouvido apuradíssimo, ritmista com grande percepção e cercado de bons amigos.
Com Candeia, Nei Lopes e Wilson Moreira fundou o Grêmio Recreativo de Arte Negra Quilombo — que tinha como objetivo não fazer o “samba comercial” e manter os valores de uma comunidade. Também foi um dos fundadores de uma escola de Samba infantil. O Pretão sabia e já sacava a importância das crianças para continuidade de nossas ações.
“…Ora dança o caxambú.
Eu quero ver quem dança comigo, eu quero ver!”
Ele foi responsável (principalmente junto com sua mãe) pelo nascimento do grupo que hoje conhecemos como Jongo da Serrinha. Algumas músicas que cantamos e conhecemos são, inclusive, de autoria dele.
“Pisei na pedra
A pedra balanceou
Levanta meu povo
Cativeiro se acabou”.
Mestre Darcy era Ogã, o dom do toque e do canto andavam com ele. Ele cantava e também encantava por onde passava. Díficil não se prender olhando o Mestre tocar, cantar ou dançar. Conduzia com malemolência e muita graça uma roda (de Jongo ou de Samba).
Para o Jongo, se de um lado Mestre Darcy trazia composições malandreadas com jogos de palavras e metáforas, de outro lado, foi ele quem levou instrumentos de “harmonia” para o jongo tradicional. Ele também fazia questão da presença das crianças na roda.
Seu filho, Darcy Antônio, seguiu seus passos na música e no jongo. E “Mestre Darcy do Jongo” — como era conhecido, valorizava a retidão nas suas ações e palavras como principal exemplo e forma de educação para as pessoas da comunidade.
Homem de grandes ideias, profissional super requisitado, ele transitava em espaços diversos, sempre mantendo sua alegria, sorrisão e levando o som dos tambores para ecoar.
Para o Mestre, o Jongo era um ancestral do Samba e por isso, ele brincava muito com esses. Transitava entre os dois universos como poucos. Aliás, transitava entre os mundos a que ele se dedicava e fazia com excelência tudo que é coisa que se propunha.
Coisa bonita, coisa bem feita.
Músicas bem tocadas, cadenciadas.
Coisa bem dançada, bem afinada…
Aquelas coisas de Mestre,
Aquelas coisas de Preto!
“Iê, Viva Meu Mestre!”