Meus Cinco Anos de Kilûmbu Òkòtó

Pra ficar no Òkòtó tem que ter pique. Quem não tiver, se morde e dá chilique.

Dessalín Òkòtó
revistaokoto
3 min readApr 4, 2023

--

Por Diego Alberto

Estava almoçando quando vi naquelas lembranças uma selfie pós-treino de cinco anos atrás. Fui ver as anteriores, e não tinha. Foi quando me dei conta que hj faço cinco anos no Òkòtó. Imediatamente várias lembranças vieram na mente!

No primeiro dia de treino, eu e Balogum fomos jogar, ouvimos lá do outro lado do salão “seus filhotinho de regional, pode indo pro chão!”. No fim daquele ano, eu e Renata e Balogum ia segurar os treinos enquanto os nossos mais velhos faziam a Caravana Òkòtó pelo Brasil.

Por causa dela, eu e Paixão fomos a São Paulo começar a implantação da primeira célula do Òkòtó fora do Rio. De janeiro a julho de 2019, ficamos eu, Taiwo e mais alguns indo a Chernô (como carinhosamente chamamos São Paulo) mensalmente fazer um fim de semana de atividades por lá.

Nesse meio tempo, inclusive, Tàìwó me escalou pra chegar junto na criação de conteúdos da página Orixás & Pretagogias. Projeto que, hoje em dia, é dos trabalhos que me dá maior satisfação de coordenar junto com uma galera braba.

Ainda nesse segundo ano de casa, tavam eu, Balogum, Marina e talz tavano Parque Madureira abrindo os trabalhos do Ilê Ifé! Mal sabia a gente que ia ser uma parada tão urgente, vendo o tanto de crianças na casa hoje em dia.

No meio da pandemia, em 2020, Tàìwó passou pra mim mais o Bruno Ângelo de criar e tocar a FAMAAD . A nossa primeira Marcha RBG pelo Brasil todo, seguido do Sextô com Garvey. Nesse meio tempo, criei no Rio o teatro do Òkòtó, que depois veio a ser o Ykoritá meTá. Trabalho nosso que hoje em dia está presente em várias freguesias do Kilûmbu.

Teve ainda o Entendendo Niterói! Estava morando na minha mãe, ir pro Rio direto ia ficar puxado, catei pedir autorização e abri o Entendendo Niterói. Kianga Hwanjile foi das que empolgaram no primeiro minuto. Vocês não sabem como eu fico coruja de ver ela e os filhotes Arokin Akasia Òkòtó e Emerson Torres cada dia crescendo mais e mais na Freguesia do KMG e da casa como um todo!

Ainda rolou a reforma da nossa primeira sede, o Kilûmbu Marcus Garvey, que fizemos ano passado e a forcinha que demos na do Kilûmbu Malcolm X. Ver a galera de Beagá inaugurando o Kilûmbu Zumbi dos Palmares e, breve breve, nosso terreno, vish, vai ser apoteótico!

Se cinco anos atrás alguém me dissesse o tantão de coisas que eu ia viver, realizar e, principalmente, mudar por estar no Kilûmbu Òkòtó, eu ia rir da cara da pessoa! Foi muuuuuita coisa! Nem coube tudo aqui!

Nesses cinco anos também rolou muitos erros, tropeços e vacilos comigo, com as pessoas e o Kilûmbu. Mas o que sempre me valeu foi estar cercado de quem vai me chamar a atenção e até dar esporro, de um lado, e o meu compromisso em melhorar, de outro. O lance do Ìwá pelè, o bom caráter yorubá, que aprendi com Ìjìlodò. Pra ficar no Òkòtó tem que ter pique. Quem não tiver, se morde e dá chilique.

Eu fiquei brisando no tanto que foi vivido e modificado nos últimos cinco anos, pensando em tudo que tá pra vir nos próximos vários cincos que estão por vir, vixi, vai ser incrível viver tudo isso. Já está sendo!

Toda honra e glória ao meu Kilûmbu Òkòtó!

Agô ao meu mais velho Balogum!

Iê Viva Meu Mestre Tàìwó, por ter criado esse espaço de formação de homens e mulheres de caráter e disposição na nossa comunidade!

--

--

Dessalín Òkòtó
revistaokoto

Querendo ser educador para melhorar minha comunidade, sentei para aprender e agora levanto para também ensinar.