Não é sobre educação, é sobre manipulação

Nicole Reis
revistaokoto
Published in
2 min readMay 28, 2021
Ilustração: Izaias Oliveira

A gente se preocupa muito com o futuro das crianças. E não tem como pensar em crianças e não pensar em educação. Mas que tipo de educação você se baseia? Que tipo de educação é a ideal? Melhor, o que é educação para você?

John Henry Clarke já deu o papo que educação deve ser útil para a manutenção da cultura de um povo, é a passagem de um legado. É sobre ensinar o modo de vida, os princípios e ferramentas para a sobrevivência.

E isso é muito importante, porque quando se trata de crianças pretas, precisamos pensar em uma educação que se paute no Nacionalismo preto. Uma educação que seja para a sobrevivência do povo preto. É sobre ter visão política, econômica, cultural, militar. Não tem nada a ver, com a questão rasa e superficial de representatividade nas escolas brancas.

Porque não adianta o conteúdo preto e a forma ser branca. Isso não é educação, é manipulação.

"Manipular a história é manipular consciência. Manipular consciência é manipular possibilidades. E manipular possibilidades é manipular poder" - Amos Wilson

Precisamos criar crianças poderosas, com consciência e autoconfiança. E uma das formas, é a não atrofia do corpo. As escolas brancas cultuam a mente e ignoram o corpo, aí nossas crianças crescem e normalizam o não botar o corpo pra jogo. Precisamos de crianças que tenham reação, que não vão dá a outra face. Que tenham disposição e que coloquem a mão na massa sem precisar depender do outro. Porque como disse Amos Wilson imaginação é sobre imaginar e colocar em ação.

Mas a gente só vomita o que come. Então, como educar as crianças, se a gente mesmo tá deseducado? É preciso que a gente, os adultos, se reeduquem baseado em referências pretas e de forma preta. É o lance da pretagogia, é o lance da capoeira.

Dr. Clarke, Malcolm e Garvey foram autodidatas. Não aprenderam nada pelo ensino branco. É preciso aprender por nós mesmos sobre nós mesmos. Não dá pra acreditar e confiar que o outro não vai te dá uma rasteira só porque você pediu. Não dá para esperar nada do outro.

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