Akinwunmi Bandele
revistaokoto
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3 min readMar 7, 2022

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Narmer: O unificador

Você ai que diz aos 4 cantos do mundo que descende de reis e rainhas, conhece algum rei? Uma rainha? Conhece pelo menos algum? Nenhum? Ihh vou entender legal não hein. Hoje vocês vão conhecer um brabo, se liga só nessa historinha. Nessa primeira parte, quem é carioca vai entender, hahaha. A região do antigo Egito era desértica enfrentou uma mudança climática conhecida como Período Árido do Holocénico Médio, em outras palavras, MÓ CÁLORZÃO !!! e sem água, Imagina? Peço até desculpas a Cedae se eu reclamei um dia hahaha.Então, essa desertificação do Saara fez com que os “nomos", como eram conhecidos os povos, migrassem pra região do Nilo pra sobreviver.
 
O Nilo era considerado por eles uma divindade. Sabe porque? ele, além de possibilitar a agricultura de trigo, cevada e linho, proporcionava também peixes, atraía búfalos e era uma via de comércio.
 
 A civilização egípcia começou a se organizar e se dividiu em dois reinos. Ao Norte, o Baixo Egito, que ia de Mênfis (primeira capital do Egito) até a região fértil do delta. Este era representado pela Coroa Vermelha e tinham como símbolo o papiro e a deusa cobra Wadjet. No sul, o Alto Egito, terra da cevada que ia de Mênfis até a primeira catarata, devido a escassez de terreno fértil, era mais vulnerável,era representado pela coroa branca e tinha como símbolos Lótus e a deusa Abutre Nekhbet. Eis que surge, por volta de 3500 a.C., Narmer o soberano egípcio, que através de um acordo com os primeiros chefes, dando inicio primeira dinastia faraônica fixando regras para para o desenvolvimento agrícola, político e religioso da civilização. 
Nessa época iniciou os primeiros trabalhos de escavação de canais para irrigação, levantou grandes diques que protegiam a cidade das cheias, além de proporcionar um sistema político estável, dando responsabilidade aos altos funcionários na coleta de impostos e no controle e defesa das fronteiras.
 
 
No âmbito espiritual como todo afrikano, introduziu o culto a natureza. Primeiro em Mênfis, quando introduziu culto a Sobeq, o deus crocodilo, divindade da fertilidade e proteção da gravidez, que por representar um animal da água, é associado ao Nilo e a criação do mundo. Depois em Faium quando introduziu o culto ao boi Ápis, divindade agrária que simbolizava a força vital da natureza e sua força geradora.
 
 
A partir daí, com os reinos unificados e organizados passou a usar a expressão “Duas Terras” e não mais Alto e Baixo Egito. Na cerimônia de coroação, o soberano era “aquele que reina sobre o junco e a abelha": o junco representava o Alto Egito (também simbolizado pela flor-de-lótus) e a abelha o Baixo Egito (também simbolizado pelo papiro). Pra encerrar, e pra vocês pararem de acreditar na novelas da Record, que nera nem pra vocês estarem assistindo novela, segundo o grande antropólogo Cheikh Anta Diop, a partir do exame de uma escultura, Narmer não era, seguramente, ariano, indo-europeu nem semita, mas indiscutivelmente um negro".

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Akinwunmi Bandele
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Estudo e leciono História no nosso Instituto de História da Áfrika e sua diáspora do Kilûmbu Òkòtó.