“Ninguém pode fazer melhor por você do que você mesmo."

Kamila Aranha
revistaokoto
Published in
3 min readJun 28, 2022
Por Diego Alberto

Sabe aquele papo de nós por nós? Então, isso é tão real e necessário que é considerado uma “lei” na cultura Banto Kongo. Tem um provérbio que diz que somente os membros de uma comunidade são capazes de fazer o que um estranho não pode fazer para a segurança da comunidade. Isso é sobre saber as necessidades da comunidade, e pra entender essas necessidades, vc precisa ser parte da comunidade. Não só ser parte, mas partilhar dos mesmos valores, do mesmo objetivo.

E esse papo de ninguém poder fazer melhor por vc do que vc mesmo, dá pra aplicar do macro pro micro. Primeiramente, como dito aqui, os indivíduos da comunidade devem estar pautados nos mesmos valores, pra gente poder começar essa conversa e qualquer outra relacionada a senso de comunidade. Não adianta tentar aplicar valores e interesses brankos, nesses papos aqui. Não vai fazer o menor sentido. Estamos falando da filosofia Banto Kongo. Tudo aqui será com base no que é praticado neste conceito.

Então no aspecto macro enquanto comunidade, é sobre ninguém saber melhor das nossas necessidades do que nós mesmos. No aspecto micro enquanto indivíduo, é sobre a gente se auto conhecer, e saber o que é melhor pra nós, pra que a gente possa ser melhor, e atender às necessidades da comunidade Como Um Todo. É um sistema, saca?

Trazendo pra exemplos práticos, ninguém melhor do que nós, pra saber e fazer manifestações culturais pra nós, por exemplo. O I Festival É Coisa de Preto promovido pelo Kilumbu Òkòtó foi um dos exemplos disso. Outro exemplo é a capoeira. Quem melhor q a gente vai fazer do jeito que tem q ser feito? O pessoal tenta, inventa capoeira orgânica, capoeira feminista, e até a gospel (nessa última fico imaginando o que essa gente canta… seria louvor ao som do berimbau? Rs), enfim, descaracterizam o que de fato é a capoeira, pq não entendem, e não entendem pq não são parte. Os interesses, valores, culturas são totalmente diferentes. Por isso não dá. Tem que ser feito por nós, tem que ser coisa de preto pra preto.

Ainda que não seja perfeito, até pq a perfeição é uma parada bem cristã, mas que seja sempre expansivo e evolutivo, feito com vontade. Que o que a gente fizer hj seja melhor do que o que a gente fez ontem. E se errar, da próxima a gente acerta, afinal, só erra quem faz. E isso não muda o fato de que ninguém pode fazer melhor por nós do que nós mesmos.

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