Normal não é natural.

Nicole Reis
revistaokoto
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2 min readApr 24, 2021

O racismo nos atinge de diversas formas, uma delas é a anestesia corporal. O objetivo é nos deixar o mais desconectado do nosso corpo, e consequentemente o mais doente possível, sem vitalidade. Seja pela alimentação, pelo não movimento, pela cultura da mente em primeiro lugar, pelo não conhecimento de si, pelo não entendimento de si como natureza. Llaila Afrika em seu livro Holistic Self Diagnosis fala muito sobre a autonomia de se cuidar e se curar. Sobre a importância de ouvir o próprio corpo. O corpo dá sinal sempre que não está bem, nós é que não entendemos a linguagem corporal.

A gente acha normal ter dor de cabeça sempre, sentir cólica menstrual, sentir dor na lombar, se sentir sem disposição ao brincar com uma criança, se sentir exausto no final da semana. É “ok" ir pro médico comprar remédios caros e ter efeitos colaterais. Só que a gente tá confundindo a definição de normal e natural. Isso não é nossa essência. Não saber o que tá sentindo, não saber como se curar. Não conhecer a si mesmo. É normal, mas não é natural.

O racismo trabalha com a falta de autonomia, com a total dependência. Sendo que o corpo é uma das nossas grandes ferramentas e fonte de uma enorme tecnologia. O corpo é o nosso templo, a nossa casa, e devemos cuidar melhor do nosso lar.

Por que de que adianta estudar muito, ganhar dinheiro e ter uma péssima saúde? O que adianta na velhice pagar rios de dinheiro com medicamentos?

Sabe aqueles mais velhos que tomam chás, capinam o quintal? Então, não são acadêmicos, mas tem muito mais conhecimento. Escutam o ritmo do corpo, respeitam o horário do descanso, da alimentação. Não estão no ritmo do outro.

A gente procura quem nos quer morto para nos manter vivos. O pior é pagar por isso, o racismo é tão perverso que a gente acha normal. Mas isso não é natural.

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