O amor preto cura

Murilo Vitor
revistaokoto
Published in
3 min readSep 30, 2021

Sabe quando você está perdido, atordoado e sem rumo? Sua vida é como uma pessoa que está no fundo do mar cansado de nadar e só deixa a correnteza levar.
Se você não sabe eu fico muito feliz por isso, mas se tu sabe o que é esse estado eu vou te dar o meu testemunho ( eu ouvi um amém irmão?).
Estava cansado de relacionamento mal sucedido, de criar vínculos ruins que sugam a tua energia e na reciprocidade eu também sugava a energia da pessoa. Foram se traumas e mágoas que me levaram para o poço, não sei se estava já no fundo mas estava muito desconfortável. Eu juntei todas as frustrações e traumas e me coloquei na condição de solteirão, de curtir a vida e me disponibilizar ao prazer de sair com várias pessoas. Minha vida girava em função disso e até aí de boa, eu não quero aqui dizer que ser solteiro é ruim, mas eu sentia vazio, não achava que conseguiria ter um relacionamento saudável.

Porém as coisas começaram a escurecer pra mim, num belo dia conversando com Mara Rindo vi que aquela conversa tomou uma outra proporção, e eu não sabia muito bem explicar o que me levou a sentir uma energia diferente, um sentimento de bem estar e aflição ao mesmo, pq de fato não me imaginava me relacionando com uma pessoa além do sexo e na medida que íamos nos conhecendo eu fui aprendendo a me relacionar de verdade.
Menciono que meus relacionamentos antigos e duradouro tiveram momentos bons e fui tbm responsável pelos momentos ruins, o que eu tenho de relacionamento hoje não é um amor Salvador, Mata Rindo não veio pra me salvar, ela veio pra me curar. Ela me cura de todas as minhas incertezas que tinha na vida, ela me trouxe pro eixo. Teve uma paciência (e ainda tem) pra mostrar meus erros, pra me colocar na linha sobre as minhas responsabilidades e tem uma característica que eu nunca tinha presenciado, que é se entregar a relação e não medir esforços pra dar certo. E tem mais, ela age na base da reciprocidade, ela não espera menos do que ela oferece, ela é dedicada ao Òkòtó, Zumbiido e Àdáyébá de uma forma tão bonita e tão admirável e isso por que ela tem o entendimento que precisamos evidenciar, dedicar e doar energia e recursos as nossas comunidade e a nossa autonomia.
Com ela eu aprendo que de pouco a pouco você chega onde quer, com ela eu deslumbro ter um lar e família, e eu nunca acreditei que teria um lar meu saca? Sempre achei muito distante e hoje é questão de tempo pra termos um. O amor preto cura, por que ele não tem base no romantismo, ele se baseia primeiro no orgulho de estar se relacionando com preto, nossa união se baseia em construir nossa história atravéz de referências e histórias dos nossos ancestrais, o nosso amor se baseia a ter os nossos amigos e filhos dos amigos por perto, de fazer questão de estar numa roda de capoeira, num dia do corpo, na pista, no meet, na live, onde for preciso estar.

Eu até ficava pensando que ela poderia ser a mãe dos meus filhos e isso já seria pra mim um alento mas não existe isso né? Meus filhos estão aí, os vínculos já estão traçados e agora é olhar toda a minha trajetória e alçar um caminho diferente do qual estava tendo, é pensar em construir muita coisa ainda com a Mata Rindo e se desenvolvendo ainda mais, logo menos vcs verão o reflexo de toda nossa história, nos iniciamos uma relação muito próspera, a continuidade é no Ile Ife e após isso iniciaremos novamente com um lar e família.

--

--

Murilo Vitor
revistaokoto

Pai do Pietro, da Sophia e da Kalyfa. Filho da dona Ângela e do Seu Marcelo. Morador do Eliza Maria.