O corpo emocionado passa mal na capoeira

Priscila Argolo
revistaokoto
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2 min readAug 3, 2022

Tenho refletido muito mais do que falado. Meus exemplos estão tirando sabedorias que só a capoeira traz, ensinamentos esses que refletem o nosso espírito pra além do corpo.

Por algum tempo me senti desenganada, mas era só falta de atenção. Com meu corpo, com minhas emoções e principalmente com a dificuldade de me conectar com outras pessoas.

Na conversa, a conexão é instantânea, mas na hora que o corpo se emaranha com um outro em um jogo de pergunta e resposta, é aí que tá o verdadeiro sinal de quem somos (ou estamos).

Quantas vezes caí pra uma roda me sentindo bem porque estava com quem partilhava o mesmo terreno em comum e saí numa boa… Quantas vezes não fiquei de cara feia porque tive que jogar com quem eu não queria nem olhar nos olhos…

Mas a tal da emoção se encontra onde a gente não quer e não espera: com quem não queremos estar, lidar ou simplesmente se abrir pra conhecer. A emoção se encontra nos detalhes e a capoeira mostrou muitas vezes como estava meu espírito.

Uma vez, bem no começo, lembro que entrei numa roda com uma pessoa que era muito devagar nos treinos… Daí, achei que ganharia vantagem nisso, mas tomei rasteira pela direita, cabeçada pela esquerda e, ao invés de me divertir com a situação, peguei ar e fiquei xingando o cara, rs.

Percebi que era isso que eu precisava cuidar, porque nem sempre as pessoas serão as mesmas, assim como eu. Nem sempre vou ser o alecrim dourado que eu acredito ser, às vezes alguém se preparou mais do que eu pra sair do campo da mesmice.

Naquele dia eu aprendi que é melhor gargalhar dos tombos do que xingar quem me deu rodo, até porque, errada estava eu por me deixar consumir por algo que foi completamente responsabilidade minha.

Arte: Vitória Camilly

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Priscila Argolo
revistaokoto

Ninguém me deu permissão pra sonhar, mas eu já sabia o quanto era bom. Mãe do Jota, companheira do Marquinhos e a humana da Akira.