Luís Gama

Kafunji Mahin
revistaokoto
Published in
2 min readJun 27, 2021

“O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa!”(Luís Gama)

Luís quis que os seus iguais fossem libertados e para isto usou dos meios deles para fazê-lo. Luís tinha o dom da palavra, de dizer o que tinha que ser dito e ser entendido, nem sempre atendido, mas sempre assertivo.

Se fosse hoje, Luís ia ficar perdidinho, pois ninguém mais diz que é sinhô, ninguém mais diz que é escravo, mas todo preto ainda vive cativo. Não tem como defender. Se todo preto matasse seu sinhô, o Haiti seria aqui, Palmares seria meu país e eu saberia de qual nação eu vim.

Mas não matamos mais nossos senhores! Hoje os chamamos de patrão, a ração virou papel moeda e até faz parecer que preto pode tudo o que branc’o pode. Mas que engano! Sem chibata no lombo o preto esqueceu quem nos mata. Com Jesus na oração o preto não pode nem se vingar!

Se todo escravo que mata seu sinhô o faz em legítima defesa, é preciso matar o que o sinhô de engenho fez dentro de mim! De fazer acreditar que defender eles, é manter a minha segurança. Se ele morrer, eu sou livre. Se eu morrer, eu renasço!

Em defesa da nossa liberdade, que todo engenho queime, todo oymbo deite, todo preto retorne ao que era antes da travessia, para seguir vivos de fato do lado de cá da kalunga grande.

Viva a memória de Luís e a comunicação de Exu, que liberta pretos!

Texto: Kafunji Mahin

📷 Retirada da Internet

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