O poder da autoimagem
“Oyá e Oxum eram irmãs. Oxum vivia a se embelezar enquanto Oyá vivia a lutar. Oxum era considerada belíssima, enquanto Oyá não. Até que um dia Oyá entrou no quarto de Oxum e se viu em frente ao espelho de Oxum. E, quando se viu, percebeu o quanto era bela, além de aguerrida e decidiu exibir sua beleza. Oxum nada gostou e logo tratou de baixar a crista de Oyá. Oxum, então, foi lá na casa dos mortos, catou os espelhos e os colocou no lugar dos seus em seu próprio quarto. Quando Oyá chegou para se embelezar nos espelhos de Oxum, viu os egunguns refletidos e foi tomada de pavor, definhando de horror até morrer. Seu pai Obatalá, quando soube o que tinha acontecido, determinou que Oxum passasse a se vestir com suas roupas de Oyá e passasse metade do ano a guerrear, tal qual fazia Oyá.”
A imagem que reflete sobre nós vai nos levar a admiração ou a morte, ela serve de suporte para a imaginação e através dela vem a criação, nós reproduzimos aquilo que vemos. Assim como os alimento que entram no nosso organismo com a mídia não é diferente, nós processamos essas informações. E já dizia o ditado, só sai aquilo que entra.
E quando vemos na tv nossa imagem associada a destruição/caos ou então associada a dita “representatividade” com o intuito de nos colocar nesses espaços brancos para que cada vez mais pretos procurem se embranquecer, a mídia é programada para contribuir para o nosso genocídio.
Ontem teve mais uma edição do FAMAAD, que é a Frente Antirracista das Manifestações Artísticas Africano-Diasporica, a importância desse trabalho vai muito além que uma simples produção. É através dele que nosso povo transmite a nossa cultura, a cultura da vida, do axé, do amor. E como esse trabalho enche nossos corações e cada vez mais procuramos nos cuidar e cuidar da nossa imagem, para poder transmitir isso da melhor forma possível.
A mídia tem esse poder de conquista e destruição, e assim como a alimentação nós sabemos o que faz mal ou bem e pq devemos ou não consumir.
